Guarapuava recebe expedição ‘Mapa’ nessa segunda

Objetivo da visita foi identificar os problemas causados pela estiagem na região

Uma comissão técnica do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) esteve em Guarapuava, nessa segunda-feira (10), em uma reunião realizada no Sindicato Rural. O objetivo foi identificar os problemas causados pela estiagem na região. Além de representantes dos agricultores, estiveram presentes o secretário municipal de Agricultura, Itacir Vezzaro, e funcionários do Escritório Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB). 

A expedição técnica vai percorrer todas as regiões do Estado procurando ouvir entidades, instituições, federações, sindicatos e associações, buscando identificar as atividades com maior dificuldade e levantar propostas aos governos federal e estadual para minimizar os danos.

De acordo com Pedro Loyola, diretor do Departamento de Gestão de Riscos do MAPA, as informações vão compor um relatório encaminhado para a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

“Com esse relatório, a CONAB vai fazer um levantamento das safras para janeiro e um documento para o Ministério da Agricultura para que sejam discutidas internamente, junto ao Ministério da Economia, medidas que possam amenizar esses problemas que estão passando os produtores de todo o Paraná”, explicou.

O secretário Itacir Vezzaro afirma que a estiagem prejudicou a produção e muitos agricultores não têm recursos guardados para se manterem durante o ano. “O leite é problemático, a pastagem praticamente secou, a olericultura, falta água para fazer irrigação.

O agricultor gastou do bolso para fazer suas atividades e essa estiagem vai trazer esse problema de falta de recursos. Essa mobilização é para encontrar uma solução, não para resolver tudo, mas para amenizar essa situação”, defendeu.

Dados apresentados durante a reunião estimam que, devido o período de seca na região de Guarapuava, as perdas na produtividade de milho fiquem entre 30 e 35%, soja com diminuição de 15%, feijão pode quebra de 35 a 40%. Houve redução também na produção de leite, queda estimada de 20%, mesmo índice das plantações de fumo. A produção de silagem para alimentação do rebanho também foi afetada com quebra de cerca de 60%.

“A nossa região não é formadora de preços, dependemos de verificar a situação das outras regiões do Estado que, se forem piores, certamente vão impactar no preço, elevando os valores”, disse Arthur Bittencourt Filho, chefe regional da SEAB.

Em dez municípios monitorados pela SEAB, na região de Guarapuava, os períodos de estiagem foram de 20, 30, 40 e até 50 dias sem chuva, a depender da localização da área. Apesar das precipitações registradas no início de 2022, o volume de chuvas ainda não foi suficiente para normalizar o nível de rios, córregos e lagos afetados pela seca.

“Eles são muito importantes para o abastecimento urbano, das propriedades rurais, tem muitas famílias que estão com dificuldade de captação para consumo próprio e dos animais”, afirmou Bittencourt.

Para Rodolpho Botelho, presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, a quebra da produção é motivo de preocupação.

“Isso impacta na renda do produtor, do pequeno, médio e grande, afetando os negócios. Muitos agricultores estão inutilizando a área de cultivo em função da quebra na safra e logo tem o vencimento de financiamentos, dos compromissos financeiros. É importante que o MAPA entenda o processo e veja o que o governo pode fazer, desde seguro rural e a questão financeira”, disse.

Na avaliação dos agricultores, apesar de ser uma das estiagens mais severas e de longo período nas últimas décadas, Guarapuava ainda está em melhor situação que outras regiões devido ao relevo e às técnicas de cultivo.

“Outras regiões tiveram temperaturas mais altas, nós estamos em uma região de maior altitude, menores temperaturas. Além disso, temos boa produção de matéria orgânica em nosso solo que ajuda a amenizar isso. Tem ficado claro que os solos bem trabalhados, mais férteis, com cobertura vegetal, com rotação de cultura, tem aguentado mais dias do que os solos que não tem um processo produtivo tão bem feito”, complementou.

Expedição MAPA – Ainda nessa segunda-feira (10) a equipe esteve em Pitanga e na sequência seguiu para Campo Mourão. Amanhã o trabalho de levantamento continua em Maringá, depois vai percorrer municípios da Regiões Noroeste, Oeste, Sudoeste e Centro-Sul do Paraná….