Unicentro lança cartilha de prevenção à violência contra mulheres LBTTs
Documento é resultado do projeto, que é vinculado ao Departamento de Psicologia da Unicentro, e tem parceria com o Numape
O projeto de extensão “Prevenção à violência contra mulheres lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais” lançou uma cartilha com políticas, informações e serviços, em Irati, voltadas a este público.
O material foi divulgado na última terça-feira, durante uma live transmitida no canal da Unicentro no YouTube, que contou, também, com uma mesa redonda sobre a temática).
O documento é resultado do projeto, que é vinculado ao Departamento de Psicologia da Unicentro, e tem parceria com o Numape, que é Núcleo Maria da Penha, do Campus Irati.
Coordenadas pela professora Katia Alexsandra dos Santos, oito alunas do curso estudaram as políticas públicas nacionais e estaduais e, a partir desse norte, buscaram serviços no âmbito do município de Irati.
“Elas fizeram esse mapeamento das políticas e, na sequência, fizemos o contato com as instituições do município, como a gestão da educação, da assistência social, com a segurança pública, com o judiciário e, também, com a saúde.
Elas coletaram essas informações, juntaram todas as informações relacionadas aos serviços existentes na cidade – que são pouquíssimos – mas também na região, buscando serviços em Curitiba e outros lugares próximos que, possivelmente, a população alvo do projeto poderia fazer uso”, explica a docente.
A equipe do projeto parte do pressuposto de que as mulheres não devem ser tratadas como uma categoria única, pois as diferenças entre elas resultam em desigualdades sociais que precisam ser consideradas quando se pensa em serviços de assistência.
Segundo a professora Kátia, para além de ser uma importante ferramenta de informação e ampliação do acesso à cidadania, a produção da cartilha funcionou também como uma forma de chamar a atenção dos órgãos públicos para a escassez de políticas relacionadas às mulheres LBTTs, ou seja, mulheres lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis.
“Existem poucas atividades de atenção à saúde de mulheres trans, travestis, bissexuais e lésbicas. Entendemos que foi interessante ter feito essa provocação no sentido de mobilizar que os serviços comecem a pensar nesses marcadores sociais, para a gente não pensar na categoria mulher de forma universalizada”.
O conteúdo da cartilha – com dados, legislações e a indicação de locais para mulheres LBTTs buscarem ajuda em Irati – serve também como um material de apoio para a atuação dos profissionais que trabalham em serviços públicos, como descreve a estudante de Psicologia Gabriela Walter, uma das envolvidas no projeto.
“A gente entende que a cartilha é voltada tanto a profissionais dos quatro eixos de mapeamento do projeto, quanto à população em geral; e atua no sentido de divulgar informações – o que é uma forma importante de prevenção às violências.
A cartilha traz uma tipificação dos diferentes tipos de violência – como física, moral, patrimonial, psicológica e sexual, que são as citadas na Lei Maria da Penha, assim como as violências institucionais, que ocorrem em serviços públicos.
Com isso, a gente entende que é possível uma contribuição para a identificação da situação de violência, indicando os locais adequados para se denunciar ou buscar um acompanhamento”.
Um dos órgãos importantes para a concretização da cartilha de serviços para mulheres LBTTs foi a Secretaria de Assistência Social de Irati. O assistente social Denis Cezar Musial repassou as informações da pasta para a equipe da Unicentro, elogiando a iniciativa do projeto de extensão e salientando a necessidade de avançar neste tema para garantir cada vez mais os direitos deste grupo.
“A secretaria de Assistência Social vê a grande importância do lançamento desse material orientativo e preventivo às mulheres LBTTs, compreendendo que esse documento irá trazer diversas orientações de acesso a serviços a essas mulheres no âmbito da assistência social em seus diversos níveis – tanto no acesso ao Cras, quanto o acesso ao Creas ou na Unidade de Acolhimento à Mulher em Situação de Violência.
Sabemos que hoje é um dos desafios para o campo da assistência social o acesso dessa população, mas compreendemos que essas informações podem aproximar essa população para ser acolhida nos equipamentos de assistência social, porque a assistência social tem como uma das diretrizes, a perspectiva de direitos sociais”, afirmou o assistente social.
A cartilha com políticas, informações e serviços em Irati para a prevenção à violência contra mulheres lésbicas, bissexuais, travestis e transsexuais está disponível em versão digital, podendo ser acessada e baixada para leitura.