O cineasta paranaense Guto Pasko esteve em Irati na noite de ontem (23) para a exibição de “Entrelinhas”, filme dirigido por ele, que está em cartaz nos cinemas de todo o país. A sessão especial ocorreu no Cinema.com e foi organizada pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) por meio do Departamento de História (Dehis/I), do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) e do Centro de Documentação e Memória do Câmpus de Irati (Cedoc/I).
O evento reuniu estudantes e comunidade local para a exibição seguida de um debate sobre o longa-metragem. Inspirado em fatos reais, a obra acompanha a história de duas irmãs presas pelo regime militar em Curitiba, na década de 1970.
Na trama, a protagonista Ana Beatriz Fortes (Gabriela Freire) é detida por policiais militares em seu primeiro dia de estágio sob a acusação de pertencer a um movimento estudantil subversivo. Mesmo sem qualquer vínculo comprovado, a jovem foi torturada por dez dias, enquanto a irmã Elisabeth Franco Fortes ficou presa por 18 meses.
Foram quase dez anos desde a elaboração do roteiro até a conclusão das gravações.
“Me interessava muito contar essa história, que é um recorte da ditadura militar no estado do Paraná. É a história real de uma personagem absolutamente anônima, uma adolescente que é torturada por engano. E a reflexão que fica é: ‘quantos brasileiros anônimos foram torturados nos porões da ditadura?’”, refletiu Pasko.
Ainda segundo o diretor, a preocupação com a função social do cinema é uma característica que o acompanha em todas as produções.
“Sempre penso qual será a função que vai ter para a sociedade, além do entretenimento. Nós temos muitos filmes que retratam a ditadura militar no Brasil, mas é sempre importante a gente retomar essa temática, sobretudo em momentos políticos em que uma parcela significativa da sociedade deseja inclusive o retorno da ditadura”, ponderou.
Filme Entrelinhas – “Entrelinhas” foi produzido por Guto Pasko e Andréia Kaláboa. Assinam o roteiro Guto Pasko, Tiago Lipka, Rafael Monteiro e Sebástian Claro. A distribuição tem o apoio do Governo do Estado de São Paulo, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, do Governo Federal, do Ministério da Cultura e da Lei Paulo Gustavo.