Estudantes da Unicentro desenvolvem mais de 800 pesquisas por ano

Entre agosto de 2020 e julho de 2021, foram 955 estudantes envolvidos com a iniciação Científica – 687 deles de forma voluntária e 268 com o auxílio de bolsas

Priscila Schran de Lima é jornalista e, desde 2017, atua como secretária municipal de Políticas Públicas para Mulheres de Guarapuava. Renata Mussoi Giacomin é bióloga e, depois de fazer mestrado e doutorado, dedica-se a docência universitária há dois anos. Em comum, as duas têm a instituição onde cursaram o ensino superior – a Unicentro, a participação no Programa Institucional de Iniciação Científica e um prêmio em congresso nacional por pesquisas realizadas durante a graduação.

Renata foi premiada, em 2011, no Congresso Brasileiro de Genética, depois de seu artigo ser considerado o melhor na área de Biologia Vegetal. Já o mérito da pesquisa de Priscila, sobre gênero, foi reconhecido pelo Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), tendo sido o terceiro melhor apresentado por estudantes de graduação no ano de 2016. Ambas reconhecem a importância da pesquisa e da iniciação científica para tornarem-se as profissionais que são hoje.

“Eu acredito que foi na iniciação científica que eu identifiquei o meu diferencial como profissional da Comunicação. Dentro do universo gigantesco de possibilidades que um jornalista pode ter, foi na iniciação científica que eu consegui encontrar a minha identidade, a minha maneira de trabalhar, que é com a questão da perspectiva de gênero, a representatividade das mulheres, a participação das mulheres.

Ter uma comunicação que compreenda a perspectiva de gênero e tenha essa valorização do ser humano mulher, que tenha o respeito devido nas notícias referentes à violência doméstica, como isso tudo influencia tanto nos nossos comportamentos enquanto sociedade como também no direcionamento de políticas públicas. Então, eu acredito que a IC trouxe, para mim, o diferencial que eu sou”, avaliou Priscila.

Priscila Schran e sua orientadora, professora Ariane Pereira, durante a premiação no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Foto: arquivo pessoal)

A mesma pluralidade de opções profissionais, só que na Biologia, é destacada por Renata, que também identificou, com a pesquisa, a trajetória profissional que gostaria de trilhar após a graduação.

“Dentro do curso de Ciências Biológicas existem diferentes oportunidades de inserção no mercado de trabalho. Porém, foi o Programa de Iniciação Científica que me deu a oportunidade de estar dentro de um laboratório, conviver com pesquisadores em formação, iniciar a vida ativa na pesquisa e, a partir daí, seguir carreira”, recordou.

Carreira que, no caso de Renata, sempre esteve relacionada à rotina acadêmica. Assim que concluiu a graduação, a egressa da Unicentro já foi aprovada no mestrado. Após defender a dissertação, ela deu início ao doutorado. A tese foi concluída em 2019 e, logo depois, Renata passou num teste seletivo e começou a dar aulas, como professora temporária, no curso de Ciências Biológicas da Unicentro – o mesmo em que, anos antes, deu início a sua preparação profissional.

“Retornei para a mesma instituição de formação, agora como professora do Departamento e estou iniciando um projeto de pós-doutorado no mesmo laboratório que desenvolvi o meu primeiro projeto de iniciação científica”.

A trajetória de Renata lembra, em muitos pontos, o caminho trilhado anos antes pelo professor Paulo Roberto da Silva, que foi seu orientador de iniciação científica. “Eu fiz IC durante a graduação. No segundo ano eu já comecei na iniciação científica e eu fiz um curso de cinco anos. Então, foram três ICs”, conta Paulo.

“A experiência, para mim”, continua, “foi fantástica e eu posso dizer com todas as palavras que hoje eu sou um pesquisador, hoje eu estou aqui, hoje eu oriento iniciação científica, hoje eu oriento dissertação de mestrado, teses de doutorado, e pós-doutorado, desenvolvo projetos de pesquisa graças a minha iniciação científica.

Uma vez que você entra nesse universo, ele abre diversas possibilidades que você pode se desenvolver tanto como pessoa, como pesquisador iniciante. Na minha vida, isso vez uma diferença total. Eu tenho convicção que, se eu não tivesse feito iniciação científica, hoje eu não seria o professor e o pesquisador que eu sou”.

É a própria experiência pessoal que estimula Paulo, ano a ano, a oferecer vagas para estudantes que desejam desenvolver pesquisas de IC. Ele é um dos orientadores do Programa Institucional de Iniciação Científica da Unicentro.

Por ano, na universidade são desenvolvidos, em média, 826 projetos de pesquisa pelos graduandos, tanto de cursos de licenciatura (voltados para a formação de professores) quanto pelos bacharelados. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, por exemplo, segundo a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, foram 955 estudantes envolvidos com a iniciação Científica – 687 deles de forma voluntária e 268 com o auxílio de bolsas de estudo oferecidas pela própria Unicentro e por agências de fomento, como o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a Fundação Araucária.

Algumas pesquisas, dependendo das especificidades da área, demandam a ida a campo para a coleta de materiais para a análise (Foto: arquivo pessoal

A Unicentro tem muito mais a oferecer do que o estudante imagina ao ingressar na universidade. Esse tipo de atividade pode abrir novas portas. A pesquisa é uma preparação adicional. Então, a gente procura – enquanto Unicentro – despertar isso nos estudantes, sobretudo pela possibilidade de participação no desenvolvimento, na geração de novos conhecimentos”, ressalta o professor Marcos Ventura Faria, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Unicentro.

Raciocínio que é reforçado pelo professor Paulo. “Na graduação, nas disciplinas tanto teóricas quanto práticas, o aluno tem contato com e aprende uma ciência que já foi desenvolvida. E essa experiência de estudar o que está pronto é bastante importante. Porém, fazer ciência, produzir conhecimento é uma oportunidade única não só para aquele profissional que pretende seguir na carreira acadêmica, seguir como pesquisador, mas também para aquele aluno que pretende a ir para o mercado de trabalho.

Afinal, ele aprende o método científico, como testar hipóteses. Isso não serve só para fazer ciência. Isso serve para o dia a dia, para o desenvolvimento de um profissional melhor capacitado para enfrentar os problemas atuais da humanidade. Então, a pesquisa durante a graduação permite colocar um profissional diferenciado no mercado”.

Essa perspectiva de que o contato com o fazer ciência possibilita um olhar mais completo para problemas profissionais e sociais complexos é partilhada por Priscila. Ela narra que, com frequência, em sua atuação como secretária de Políticas Públicas para Mulheres de Guarapuava lança mão de estratégias e processos apreendidos durante o desenvolvimento de suas três pesquisas de iniciação científica.

“A IC estimula a percepção de um problema, como fazer questionamentos em relação a ele, como levantar hipóteses que podem levar a solução e ir atrás das respostas. Você trilha um caminho. A partir da metodologia, você sabe onde você quer chegar. Então, a gente consegue aplicar essa mesma estrutura, que a gente aprende na iniciação científica, no dia a dia em diversos projetos.

Porque enquanto promoção de políticas públicas não é muito diferente – a gente tem problemas, a gente precisa encontrar dados, levantar hipóteses, aplicar uma metodologia, depois ver quais são os resultados que a gente pode colher dessa ação política. Então, a iniciação científica trouxe, para mim, essa perspectiva de pesquisadora em todos os problemas, em todas as situações que a gente precisa resolver, desvendar aqui na secretaria”.

A fala de Priscila termina com um outro diferencial bastante importante para a pesquisa de iniciação científica na Unicentro: a busca por respostas para problemas sociais que, assim, contribuam para melhorar a qualidade de vida e o desenvolvimento de toda a região.

“Esses projetos”, concorda o diretor de Pesquisa da universidade, professor Luciano Farinha, “são desenvolvidos no espaço em que a Unicentro tem sua inserção regional, são voltados para a comunidade em que a Unicentro está inserida. As pesquisas, dessa forma, muitas vezes, buscam resolver problemas locais. Então, nossos estudantes estão sempre buscando resolver problemas locais, problemas regionais, da nossa comunidade”.