Com nova concessão, tarifas dos pedágios paranaenses vão cair pela metade

Modelo garante que as estradas só vão ser administradas por empresas que oferecerem grandes descontos em relação ao modelo atual

Depois de mais de duas décadas de contratos que criaram as praças de pedágio mais caras do Brasil, o Governo do Estado e o Ministério da Infraestrutura tomaram as rédeas do processo e anunciaram, nesta quarta-feira (04), que chegaram a uma modelagem final para a nova concessão no Paraná.

O modelo garante que as estradas só vão ser administradas por empresas que oferecerem grandes descontos em relação ao modelo atual. Com isso, o valor atual das tarifas vai cair pela metade em várias praças de pedágio, e dessa vez numa disputa transparente.

Isso acontece porque o contrato já vai exigir uma redução de cerca de 30% do valor atual antes mesmo do leilão. Assim, o valor final a ser pago pelo usuário depois das concessões será uma soma dos dois descontos: o de partida e o concedido pela empresa na disputa para ganhar o lote.

“Essa é a decisão mais importante do Paraná nos últimos 25 anos. O paranaense pedia um modelo moderno e com um preço justo. Ninguém aguenta mais esse modelo atual”, afirmou o governador Ratinho Junior. “Era um compromisso nosso com o Estado e que estamos cumprindo”.

Um dos pedágios mais extorsivos do Paraná é o da Serra do Mar, que atualmente cobra R$ 23,30. Segundo os cálculos da secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Seil), esse valor já vai cair para R$ 17,17 antes do leilão, reduzindo em 26,33% a tarifa atual. Se a concessionária propuser um desconto de 10%, número considerado até conservador, a tarifa cai para R$ 15,45. Se o desconto for de 17%, vai para R$ 14,25. E caso o desconto chegue ao patamar dos 25%, a tarifa cai para R$ 12,87. Ou seja: nesse cenário, o valor final é até 45% menor do que o atual.

A expectativa do Governo do Estado é que a média final seja redução de 50% nos valores atuais. Em alguns cenários mais otimistas, esse desconto poderia ser de até 70%.

Mas a menor tarifa não é o único ponto positivo do modelo. A concessão prevê um pacote de obras que chega a R$ 44 bilhões, das quais 90% deverão ser executadas nos primeiros sete anos de contrato. São mais de 1,7 mil quilômetros em duplicações, por exemplo.

Para garantir que as obras sejam executadas, o novo modelo exige que as empresas paguem um “seguro-usuário” proporcional ao desconto, evitando que sejam aplicados golpes. Quanto maior o desconto, maior o valor de aporte, o que, na prática, faz com que apenas empresas com cacife possam entrar na briga.

Para dar um desconto de 17%, por exemplo, as empresas precisarão fazer um aporte de R$ 570 milhões. Esse montante não vai para o Governo Federal e nem é devolvido às empresas: ele será aplicado nas próprias rodovias conforme a vontade da própria população, a partir de audiências públicas e da gestão de um comitê misto.

O projeto é uma exceção do governo federal ao pacote de concessões sendo feito em todo o País. São 3.368 quilômetros de rodovias entregues à concessão, sendo 35% estaduais e 65% federais.

Da redação ADI – Curitiba