Um pedacinho da Finlândia no Brasil

Ela trocou as temperaturas abaixo de zero pelo, não tão mais quente, frio guarapuavano. Conheça a Anna Rekola, a finlandesa que viveu um ano em Guarapuava

Há algumas semanas o Extra está apresentando as curiosidades de diversos países pelo mundo. Tudo isso por meio de histórias contadas por guarapuavanos que se aventuraram por aí. Pois é, mas mais uma vez, faremos diferente. Assim como nossos conterrâneos foram para outros países, os representantes dessas nações também vieram até nós. Na edição passada você conheceu a história do Secuna Baio Cassamá, um guineense que vive há quatro anos em Guarapuava e se apaixonou pela cidade. Pois é, agora é a vez de ouvir as histórias da Anna, uma finlandesa que viveu por aqui durante um ano e, não diferente, adorou a terra do Cacique Guairacá.

JORNAL EXTRA – Por qual motivo você decidiu vir ao Brasil?

ANNA REKOLA – Eu participei da programa de intercâmbio do Rotary, então tinha que escolher quatro países em ordem de preferência. O primeiro na minha lista era EUA e o segundo o Brasil. O Rotary escolheu para mim e eu vim para o Brasil. Naquela época eu tinha 17 anos, no período 2014-2015.

EXTRA – Durante o tempo em terras brasileiras, você morou em Guarapuava. Como foi a receptividade da população?

ANNA REKOLA – Foi maravilhosa. Eu nunca tinha encontrado pessoas tão simpáticas e receptivas na minha vida. Me senti muito bem-vinda.

EXTRA – Agora vamos falar de idioma. Você fala inglês e o finlandês, aprendeu direitinho o português?

ANNA REKOLA – Aprendi a língua portuguesa sim!

EXTRA – E quanto a nossa culinária local, gostou?

ANNA – Adorei a comida brasileira, como o arroz e o feijão. Mas de Guarapuava eu adorei o churrasco! Era uma das minhas comidas favoritas também. Além disso comia muito um lanche típico e bem famosos na cidade.

EXTRA – Como você veio da Finlândia, provavelmente alguns costumes brasileiros foram estranhos de início. Quais chamaram atenção?

ANNA – Ah, acho que quando cheguei descobri muitos costumes e coisas estranhas. Mas durante o tempo me acostumei com tudo. Uma coisa que lembro que achei estranho era o hábito de usar calçados dentro de casa e escovar os dentes depois do almoço. Na Finlândia é diferente. Também estranhei o fato de as casas serem geladas durante o inverno. Nunca passei tanto frio na minha vida!

EXTRA – E quanto ao nosso transporte público? O da Finlândia é tido como um dos melhores, se não o melhor, do mundo. E o do Brasil?

ANNA – Só andei uma vez de ônibus em Guarapuava então não tenho muitos comentários. Mas aquela viagem foi legal.

EXTRA – E quanto a segurança. Achou o Brasil um país seguro?

ANNA – Tenho que admitir que não me senti tão segura no Brasil quanto na Finlândia. Entendi logo no começo que sempre tem que estar prestando atenção ao seu redor e cuidar das suas coisas. Fui assaltada uma vez em Curitiba, mas a história foi meio divertida no fim: o ladrão pegou meu celular mas antes de ir embora ele o jogou na mesa de novo e disse “esse celular só vai dar problema” e saiu correndo. Na hora não sabia se eu deveria chorar ou rir.

EXTRA – Quanto ao custo de vida, você sentiu diferença em relação ao seu país?

ANNA – O custo de vida é bem mais barato no Brasil.

EXTRA – Em relação aos pontos turísticos brasileiros, quais chamaram a atenção?

ANNA – Conheci muitos lugares no Brasil, mas meus lugares favoritos eram provavelmente as cataratas do Iguaçu e todas as praias. Acho que estes são meus favoritos porque lugares assim não tem na Finlândia.

EXTRA – Na Finlândia a questão de preconceito quanto a estrangeiros, homossexuais, negros ou outras minorias praticamente é nulo. Qual foi sua impressão no Brasil?

ANNA – Esta é uma pergunta difícil. Acho que todo lugar tem algum tabu ou preconceito. No Brasil o que chamava minha atenção era o desigualdade social e racismo.

EXTRA – Há algo que não gostou daqui?

ANNA – Apenas não gostava do sentimento da falta de segurança.

EXTRA – E agora, qual a maior saudade do Brasil?

ANNA – Do que mais sinto falta é das pessoas. Amo o jeito brasileiro, a felicidade, a simpatia, a alegria e a mentalidade dos brasileiros. Simplesmente amo tudo isso! Estou morrendo de saudades das minhas famílias brasileiras. Elas foram o meu porto seguro durante o meu intercâmbio, sempre me apoiaram e ajudaram, e nunca vou esquecer disso.

EXTRA – Por último, para você, qual o maior legado de visitar outro país? Você voltaria ao Brasil?

ANNA – Em outros países você aprende a entender outras culturas, conhece pessoas novas e simplesmente aprende mais do mundo, da vida e de si mesmo também. Voltaria ao Brasil mil vezes! Já estou planejando a minha próxima visita. O intercâmbio é uma oportunidade única que muda a vida toda e ensina tanto. Por isso sempre quero dizer aos jovens que, se eles tiverem a oportunidade, vão fazer intercâmbio. Será a melhor escolha das tuas vidas: uma vida em um ano!