Guarapuava é a cidade que mais sofre com a seca no Paraná, diz Simepar

Falta de chuva no Estado já é considerada a mais severa dos últimos anos

Um levantamento, feito pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), mostra que nove cidades, de quase todas as regiões do Estado, tiveram chuvas bem abaixo da média histórica, entre os meses de junho de 2019 a março de 2020. O que significa uma redução média na precipitação de 33% nos municípios pesquisados.

A pesquisa aponta que o Paraná vive a pior estiagem desde que o Simepar começou a monitorar as condições do tempo, em 1997. A baixa precipitação já dura dez meses. Segundo o Simepar, houve uma redução, média, na precipitação de 33% no conjunto de municípios formado por Curitiba, Ponta Grossa (Campos Gerais), Guarapuava (Centro), Maringá (Noroeste), Londrina (Norte), Foz do Iguaçu (Oeste), Cascavel (Oeste), Guaratuba (Litoral) e Umuarama (Noroeste).

Guarapuava – Guarapuava é a cidade que mais sofre com a seca, de acordo com o levantamento. A diminuição no volume de chuvas foi de 47,2% – 809 milímetros contra uma média histórica de 1.533 mm para o período. Em todos os dez meses analisados choveu menos do que o previsto no município. Em março, apenas 30 mm ante uma expectativa de 113 mm.

Porém, no volume total, Curitiba foi quem teve menos chuva entre os municípios pesquisados: 725 mm. Redução de 43,1%, já que a média histórica apontava para 1.274 mm. Março foi o período mais seco na capital paranaense. O nível de chuvas para o mês, desde 1998, é de 127 mm. Neste ano, contudo, a precipitação foi de apenas 12 mm. O recorde negativo da cidade era de 44 mm, registrado em março de 2017.

Na sequência, o termômetro da seca aponta para Ponta Grossa (40% de diminuição), Foz do Iguaçu (34,7%), Cascavel (33,8%), Umuarama (31,1%), Londrina (30,5%), Guaratuba (22,7%) e Maringá (15%).

“O verão ficou marcado por precipitações muito abaixo do esperado, o que levou ao cenário de intensificação da estiagem em quase todo o Paraná”, explicou o coordenador de operação do Simepar, Antonio Jusevicius. “Tivemos quebra de recordes históricos de mínimos de chuva em algumas estações do Simepar, especialmente em Curitiba”, completou.

Previsão – As previsões também não são animadoras, conforme informa o Simepar. Relatório mostra que o volume de chuvas no Estado ficará abaixo da média normal no período que varia de três a seis meses.

De acordo Jusevicius, o outono é marcado por uma diminuição natural da quantidade e frequência de chuvas. Ele afirma ainda que as chuvas recentes não são suficientes para repor o nível dos reservatórios.

“Toda chuva neste momento é bem-vinda. Mas como a previsão é de que ela não será longa no Estado, vai servir apenas para amenizar um pouco a secura do solo, não tendo impacto importante na retenção de água pelos reservatórios”, afirmou.

A estiagem do primeiro trimestre deste ano, especialmente no mês de março, reforça a necessidade do consumo consciente da água em todo o Paraná. A meteorologia também prevê, para os próximos três meses, chuvas abaixo ou dentro da média esperada além de temperaturas pouco superiores ou próximas às registradas para esse período.

Capital – O impacto imediato tem sido nos sistemas de abastecimento de água. Rios, poços, minas e córregos estão perdendo vazão, principalmente na Região Metropolitana de Curitiba e no Oeste do Estado. Na capital, a média mensal de chuvas para março é, desde 1998, de 127 milímetros. Mas neste ano, choveu apenas 12 mm em março.

O Rio Miringuava, que abastece Curitiba e 12 cidades do entorno, perdeu 60% do volume de água. O nível médio das barragens do Iraí, Passaúna e Piraquara 1 e 2, do Sistema Abastecimento Integrado de Curitiba, está em 62,7%.

Os mananciais que abastecem as cidades de Almirante Tamandaré, Rio Negro, Fazenda Rio Grande e Colombo estão com níveis preocupantes.

Oeste – No Oeste do Estado, a situação mais crítica está em Medianeira. Os poços e o Rio Alegria que abastecem aos moradores da cidade já perderam 40% de vazão. Em Cascavel, o sistema também já começa a sentir a falta de chuvas deste ano também.

Na cidade, nos três primeiros meses deste ano, o índice pluviométrico está abaixo da média histórica dos últimos 15 anos, que ultrapassa os 600 milímetros. A estação meteorológica local registrou apenas 321 milímetros de chuvas nos 90 primeiros dias de 2020, além da defasagem de chuvas do ano passado.