Dos bares ao palco, banda ADOC movimenta cenário musical

Em meados dos anos 2004, 2005, as noites de terça-feira do bairro Santa Cruz não eram tão silenciosas quanto as noites de hoje. O motivo era a cultura do sarau que rolava solta nos arredores da Santa Cruz: toda noite de terça os bares do bairro recebiam jovens estudantes, músicos e poetas para as mais variadas trocas culturais.

É neste cenário de bar, poesia e música que Eduardo, Andrezão e Andreos se encontraram e passaram a ensaiar aquilo que seria mais tarde a ADOC, banda que abre as apresentações da quarta edição do Rock City, no próximo sábado. Para o vocalista e guitarrista Duda, a época de formação da ADOC também fora o momento mais revolucionário da sua vida tanto socialmente quanto musicalmente, nos reuníamos nas repúblicas Amsterdam, Família e principalmente na RIHD…Foi lá que ampliamos nossos horizontes musicais com a troca de informações, conhecendo desde o Rock Progressivo, o Punk, a Psicodelia, até os mestres Tim Maia e Chico Science.

Oficializada em 2007, a ADOC passa a contribuir efetivamente com o cenário musical de Guarapuava, principalmente nos espaços acadêmicos, nas festas em república e nos festivais locais. Desligada de todo tipo de rótulo, como afirma Duda, a banda lança seu primeiro disco em 2011 compilando uma série de composições que deixam claro a liberdade com que trabalham a sonoridade musical.

O disco intitulado Lotus Land traz composições que misturam diversas vertentes da música mundial e também com sonoridades bem brasileiras. Móia Bobo, por exemplo, traz um instrumental dançante com uma levada de drum ´n´ bass marcante, além da letra com uma irreverência bastante sofisticada. Outra canção sempre lembrada do pequeno mas fiel público local é José Wilker, referência óbvia ao ator global.

Como diz Caetano Veloso pop é aquilo que é, e definitivamente este é o caso de José Wilker: com forte influência pop, a canção coloca numa mesma cama personalidades que figuram na cultura das telenovelas e a isso se adiciona uma levada funkeada de fazer mover os pés no chão. Nas apresentações informais, a música mais pedida, no então, é Trem da Santa Cruz, numa homenagem quase clássica às gerações de músicos, poetas e pensadores que passaram pelos arredores do bairro.

Curiosidade maior da ADOC fica por conta do próprio nome, uma homenagem ao vocalista da banda SatisFire, Daniel Gonzales, como o próprio Duda explica: É uma derivação do apelido do Daniel que era chamado de Dotô Barba que depois virou Adoctor Barba e por fim acabou ficando Adoc, de Adoctor Barba. É uma história bem besta, mas tem tudo a ver com a origem da banda, de onde a gente saiu. Os caras da ADOC e Barba freqüentavam as mesmas repúblicas da época, onde a música era freqüente.

Com referências das mais diversas e com composições tão singulares, a Adoc é um ponto interessante num cenário musical local repleto de bandas de rock ´n´ roll. Com levadas do reggae ao samba, passando pela psicodelia da música da década de 1970, a banda é, retomando a palavras de Caetano, e isso já é o bastante. Ou como melhor explica Duda: A Adoc é meio que um almanaque.

O primeiro disco da banda está disponível em www.soundcloud.com/adocband ou no www.myspace.com/adocanarco.
Adoc faz a abertura do IV Guarapuava Rock City, no sábado (05). A entrada é 1kg de alimento não perecível.