Laboratório do Paraná é o primeiro do Brasil livre de experimentação animal

Além de poupar animais, a mudança no processo gera uma economia de mais de R$ 235 mil/ano

O Laboratório Central do Paraná (Lacen) é o primeiro laboratório de saúde pública do Brasil livre de experimentação animal, segundo anúncio do Ministério da Saúde.

O método de pesquisa anterior permitia a verificação de raiva com a utilização de camundongos, agora a técnica é feita in vitro pesquisando o material genético do vírus diretamente do tecido. A mudança no processo gera uma economia de mais de R$ 235 mil/ano.

O Lacen, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, recebeu o primeiro lugar pela melhor experiência na área: enfrentamento das doenças negligenciadas ou em eliminação como problema da saúde pública, com o trabalho QPCR em substituição à Prova Biológica para o diagnóstico da raiva animal: uma contribuição à Saúde Pública, à Saúde do trabalhador e ao bem-estar animal, de autoria de Irina Riediger, chefe da Divisão dos Laboratórios de Epidemiologia e Controle de Doenças (DVLCD).

É a primeira vez que o Lacen é contemplado com a primeira colocação neste evento promovido pelo Ministério da Saúde, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto. Segundo ele, é o reflexo do constante trabalho desenvolvido pelos profissionais da área em inovarem e avançarem em tecnologias que beneficiem a população paranaense e sirva de modelo para os demais Estados.

Irina Riediger explicou que utilizou essa nova técnica e reduziu os custos em 60% e o tempo em 80% para liberação de resultados de cada amostra, baixando agora de 26 dias para em média quatro dias, e dependendo da situação é possível resultados em menos de 24 horas. Com a prova biológica não é possível fazer isso porque depende do desenvolvimento da doença pelo animal de experimentação, que é de pelo menos uma semana.

De acordo com Irina, os profissionais de saúde, que anteriormente precisavam ficar mais expostos ao material potencialmente contaminado, agora, com a nova metodologia, correm menos riscos.

Diminuímos significativamente os riscos para a saúde do trabalhador que precisava ter um contato mais direto com as amostras suspeitas de raiva manipuladas no laboratório. Isso é um ganho muito grande para a saúde dos colaboradores, saúde pública e bem-estar animal, afirmou.

Processo – Enquanto o laboratório trabalhava com a prova biológica era possível processar no máximo dez amostras por dia, em média 200 por mês. Atualmente, com essa mudança de tecnologia, o aumento foi de, aproximadamente, nove vezes mais, tendo agora a capacidade instalada para processar até 90 amostras por dia (cerca de 1800 ao mês).

LACEN – Completando 125 anos de história no dia 21 de dezembro, o Lacen é o segundo laboratório mais antigo do Brasil. Para manter essa excelência, os profissionais do laboratório estão em constante treinamento e capacitações e trabalham com equipamentos de última geração na realização de centenas de exames e análises. Em 2019, até agora, aproximadamente R$ 6 milhões já foram investidos.