Proposta por Dr. Antenor, audiência na Alep debate prematuridade como questão de saúde pública
Com foco na prevenção e no cuidado, evento destacou relatos especialistas, mães e representantes da ONG prematuridade.com
A Assembleia Legislativa do Paraná realizou, nesta terça-feira (04), a audiência pública “Prematuridade: prevenção e cuidados”, proposta pelo deputado Dr. Antenor (PT), com o objetivo de discutir os desafios da prematuridade no estado e no país. O encontro reuniu profissionais da saúde, representantes da sociedade civil e familiares de crianças prematuras em um debate marcado por emoção e apelos por políticas públicas mais efetivas.
“A prematuridade é uma questão de saúde pública urgente”
Ao abrir o evento, o deputado Dr. Antenor destacou a importância de tratar a prematuridade como um tema de saúde pública e de fortalecer a participação popular nas decisões que afetam a vida das famílias. “A nossa taxa de prematuridade é alta e as cesarianas chegam a 88% na rede privada e 40% no SUS, quando o indicativo da OMS é de 15%”, afirmou. O parlamentar defendeu que o Estado precisa compreender o problema em sua totalidade, considerando fatores sociais, econômicos e culturais.
O deputado ressaltou ainda a necessidade de uma “democracia direta”, em que a sociedade participe ativamente das decisões que impactam a saúde pública. “A prematuridade me incomoda desde a prática médica. Falta uma compreensão mais profunda do tema. Precisamos sonhar com um mundo novo, onde as soluções sejam construídas coletivamente”, disse.
Mobilização e políticas públicas
A diretora executiva da ONG prematuridade.com, Denise Sugitani, ressaltou o papel da mobilização social e apresentou um panorama das conquistas e desafios da causa. “O Brasil está entre os dez países com maior número de nascimentos prematuros do mundo. A prematuridade afeta todos os setores da administração pública, não apenas a saúde. É uma questão de gestão, de acolhimento e de informação”, afirmou.
Presente em 24 estados e com 280 voluntários, a ONG atua em campanhas de conscientização, acolhimento psicológico e jurídico gratuito, e na defesa de políticas públicas voltadas à prevenção e ao cuidado de bebês prematuros. “Ter este espaço de debate é um passo essencial para que o Paraná avance nas políticas de enfrentamento da prematuridade”, reforçou Denise.
“O conhecimento salva vidas”
A pediatra Gislayne Nieto, representante da Sociedade Paranaense de Pediatria, elogiou o trabalho da ONG e a articulação entre sociedade civil e poder público. Desta parceria, surgiu a Lei 22.312/2025, de autoria de Dr. Antenor, que institui a Quinzena da Prematuridade no Estado para conscientizar e prevenir o parto prematuro. “Ver o quanto avançamos é motivo de alegria. Acredito muito no poder do conhecimento e na sua capacidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas”, afirmou.
A médica Gisella Sanches Piasseta, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), apresentou dados sobre a situação no Paraná e reforçou a importância de direcionar adequadamente os recursos públicos. “Os dados trazem informações essenciais para definir onde aplicar melhor os recursos. Sempre haverá casos que não podem ser prevenidos, mas podemos garantir qualidade e humanização no atendimento”, destacou.
“É o meu milagre”
Entre os relatos, o da mãe Patrícia Batista comoveu o plenário. Ela compartilhou a trajetória da filha Camila, nascida com 28 semanas e apenas 540 gramas. Após inúmeras complicações – hemorragias, sepse, quatro paradas cardíacas e seis meses de internação – a menina sobreviveu graças à persistência da mãe e ao cuidado intensivo da equipe médica.
“Hoje, ela tem oito anos. Tem sequelas, mas é feliz. É o meu milagre, a minha vida”, disse Patrícia, emocionada. Ela contou que o método Canguru – prática que estimula o contato pele a pele entre mãe e bebê – foi fundamental para a recuperação da filha. “Quando a saturação dela baixava, eu a colocava no meu peito e, milagrosamente, ela voltava a respirar. O Canguru salva vidas”, afirmou.
Patrícia hoje integra a ONG prematuridade.com e ajuda outras mães que enfrentam o mesmo desafio. “Acredito que a prematuridade veio para mim com um propósito. Passei por tudo isso para poder acolher outras famílias”, contou.
O papel das leis e da sensibilização
Encerrando a audiência, o enfermeiro neonatologista Guilherme Alves, também integrante da ONG, destacou a importância das leis estaduais e municipais que institucionalizam o debate sobre o tema. “Infelizmente, ainda precisamos de leis para sensibilizar e garantir apoio às nossas ações. Mas cada projeto aprovado é uma conquista que transforma cidades e vidas”, afirmou.
Para Dr. Antenor, a audiência pública cumpriu seu papel de demonstrar que a prematuridade vai além dos números. “É uma questão humana, que exige empatia, políticas públicas efetivas e o fortalecimento da rede de apoio às famílias”, completou.