A Operação Sacrilégio, que investiga possíveis desvios financeiros da Mitra Diocesana, em Guarapuava, teve novos desdobramentos. Vinte e seis pessoas das 40 intimadas foram ouvidas na quinta feira (26), em depoimentos que entraram pela madrugada de sexta (27). Duas testemunhas eram de acusação.
Uma das principais pessoas intimadas foi o bispo diocesano Dom Antonio Vagner da Silva, inicialmente convocado como testemunha de defesa. Porém, um pedido do Ministério Público do Paraná e acatado pela Justiça, o colocou na condição de informante. Assim sendo, o bispo não teve a obrigação legal de falar a verdade e o seu depoimento poderá ter peso menor judicialmente. Segundo D. Vagner, a reforma na Casa de Líderes era necessária.
Os depoimentos foram prestados à juíza Paola Gonçalves Mancini. O promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Vitor Hugo Honesko participou da audiência.
Padre Sercio Catafesta e outras três pessoas são acusadas por superfaturamento em obras executadas na Casa de Formação de Líderes, espaço localizado no Bairro Santana, em Guarapuava, e que é utilizado pela Diocese para cursos e retiros espirituais.
Em depoimento, o sacerdote, que é o ecônomo da Diocese, ou seja, o responsável pela setor financeiro da Mitra, disse que pagou R$ 12 mil por mês ao funcionário que fez as reformas das redes elétrica e hidráulica. Para o Ministério Público, há indícios de irregularidade, já que o valor extrapola a média paga pelo mercado e caracteriza a atitude como superfaturamento da mão de obra. Padre Sércio, entretanto, assegura que a quantia incluia outros serviços realizados em outros imóveis da Diocese.
Outra acusação que pesa sobre o padre Sércio é o de tentar inibir testemunhas com ameaças. Gravações entre o padre e dois ex-funcionários da Diocese comprovando as ameaças foram apresentadas à Justiça. O sacerdote, porém, disse que o áudio foi gravado durante jantar com os ex-funcionários e que ele havia tomado cerveja. Ele nega a acusação.
A Justiça deve ouvir ainda mais seis testemunhas que residem em outras cidades e a previsão é de que o processo seja concluído neste ano.
G1