Guarapuava tem marcha de combate a violência contra a mulher

Caminhada lembrou as 77 vítimas de feminicídio no Paraná no último ano.

Promovida pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, em parceria com a Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do Paraná e a Procuradoria da Mulher da Câmara de Vereadores de Guarapuava, a 1ª Caminhada do Meio-Dia reuniu centenas de pessoas na rua XV de Novembro, a caminho da praça 9 de Dezembro.

O evento é uma mobilização em prol do Dia Estadual de Combate ao Feminicídio e contou com intervenções artísticas, panfletagem e orientações para a população. Com o slogan “Pela vida e pelo fim da violência contra as Mulheres”, a passeata foi pacífica, a população carregou faixas, flores e 77 balões brancos, simbolizando cada uma das vítimas de feminicídio no Paraná em 2022.

“Hoje é um dia para pararmos e lembrarmos que ainda há mulheres que são mortas pelo fato de serem mulheres, que são mortas pelo feminicídio. Então, hoje é o dia da gente fazer um minuto de silêncio, de reconhecer que a gente tem que ampliar nosso trabalho, alcançar mais mulheres para que esse crime, tão bárbaro, não se repita.

Hoje é o dia de fazermos memória dessas mulheres, de suas famílias que sentem falta delas todos os dias e renovar o nosso compromisso em ter políticas públicas efetivas de enfrentamento à violência”, destacou a secretária de Políticas Públicas para Mulheres, Priscila Schran.

“Todo ano, além de muita luta, é também um ano de muita dor, porque o simbolismo desse momento que nasceu aqui em Guarapuava, foi através de uma tragédia que mexeu com a vida de todo mundo e eu, enquanto familiar da Tati, ainda sinto as coisas de maneira dobrada. Mas é importante a gente ter essa data específica e ver o quanto isso tem tomado o Estado do Paraná para que as pessoas falem mais sobre.

A ideia é que nos próximos anos nós não tenhamos mais nenhuma cruz aqui nessa praça. Então, essa data é muito simbólica, ela é muito necessária e que a gente consiga concentrar cada vez mais a nossa sociedade acerca desse tema”, salientou a vereadora e Procuradora da Mulher de Guarapuava, Bruna Spitzner.

A lei 19.873/2019, de autoria da deputada estadual Cristina Silvestri e aprovada na Assembleia Legislativa do Paraná, instituiu o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio com o objetivo de incentivar e unificar ações de combate em um ‘Dia D’, quando órgãos públicos, entidades, associações, lideranças políticas e sociedade civil organizada centralizem o discurso em uma única pauta: a necessidade de interromper o ciclo da violência doméstica e evitar feminicídios.

A data escolhida faz referência ao dia da morte da advogada guarapuavana Tatiane Spitzner, vítima deste crime no ano de 2018.

“Essa lei surgiu com a morte da Tatiane que abalou não só Guarapuava, mas o Brasil todo, porque ela não era uma cidadã sem conhecimento, ela era uma advogada, conhecia as leis, conhecia todo o processo e mesmo assim foi vítima. Essa situação veio para mostrar para a população que todos nós estamos sujeitos a algum tipo de violência sem perceber.

Setenta e sete cruzes simbolizaram as vítimas de feminicídio no Paraná

Então, esse é um dia de reflexão, em homenagem a todas que perdem a vida pelo feminicídio e também é um dia de reflexão para as mulheres que sofrem violência e não conseguem sair desse ciclo”, declarou a deputada.

Somente no último ano 77 mulheres foram vítimas de feminicídio no Paraná, duas delas são de Guarapuava. A população do município se uniu em memória das vítimas neste ato simbólico pelo fim da violência contra as mulheres que ocorreu simultaneamente em várias cidades do Estado.

“Queria que todos vissem a importância que é esse movimento e essa luta para que isso não volte a se repetir todos os dias. Para que as mulheres se sintam mais livres e à vontade para circular onde elas quiserem e que possam ter relacionamentos saudáveis com os seus companheiros”, comentou a guarapuavana Margareth Maciel.

“Esse dia é uma memória triste para Guarapuava, mas que a gente também pretende deixar como um marco no combate para que nós não precisemos mais lamentar a perda de outras mulheres em nosso município, nem em nossa região, estamos juntas nesse movimento”, expressou a professora Patricia Melhem Rosas.

Além da homenagem, com 77 cruzes simbolizando as vítimas no Estado, o espaço preparado na Praça também contou com ações orientativas, com placas e banners sobre os serviços oferecidos pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, por meio do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM). Também ouve ações do Núcleo Maria da Penha (NUMAPE), da OAB Guarapuava e do curso de Direito do Centro Universitário Campo Real.