Guarapuava é sede de encontro regional pelo fim da violência infantil
Evento reuniu representantes de 26 municípios da região para debater estratégias de enfrentamento e atendimento qualificado às crianças
Guarapuava sediou na manhã desta quinta-feira (15), o Encontro Regional de Atendimento de Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, que reuniu representantes de 26 municípios da região para debater estratégias de enfrentamento e atendimento qualificado, em alusão ao Maio Laranja, mês dedicado ao combate à violência sexual infantil.
O evento, realizado no Teatro Municipal, reforçou a importância da atuação integrada entre os diversos setores da rede de proteção, assistência social, saúde, educação, conselhos tutelares, Ministério Público e judiciário, com foco na implementação da Lei 13.431/2017, que estabelece diretrizes para o atendimento humanizado de crianças e adolescentes vítimas de violência.
Na abertura do evento, a vice-prefeita de Guarapuava, Rosângela Virmond, fez um emocionante discurso relembrando sua trajetória pessoal com a temática da violência infantil, marcada por experiências familiares dolorosas.
“Essa é uma pauta que carrego comigo. Minha mãe, vítima de tentativas de abuso sexual na infância, viveu com sequelas emocionais por toda a vida. Isso me fortaleceu na missão de trabalhar por políticas públicas de proteção. Hoje, como vice-prefeita, mantenho o compromisso de lutar por um departamento exclusivo para cuidar das nossas crianças e adolescentes”, declarou Rosângela, emocionada.
Ela também destacou a importância do engajamento coletivo. “Vivemos em uma sociedade que trata bonecas com mais cuidado do que trata nossas crianças. A responsabilidade de protegê-las é de todos nós, do prefeito, da juíza, da rede pública, mas também das famílias, da comunidade. Precisamos agir”.
A secretária de Assistência e Desenvolvimento Social de Guarapuava, Helena Alves, reforçou a relevância da atuação em rede para garantir proteção integral. “Defender crianças e adolescentes é tarefa de todos os dias do ano. Nenhuma política isolada dá conta da complexidade desse enfrentamento. Por isso, fortalecer a rede é fundamental. Esse encontro é uma oportunidade de trocarmos experiências entre os municípios e sairmos daqui ainda mais comprometidos”, afirmou.
A juíza da Vara da Infância e Juventude de Guarapuava, Carmen Mondin, destacou a responsabilidade legal e moral dos profissionais que atuam na linha de frente. “A Constituição nos orienta a garantir os direitos da criança e do adolescente com absoluta prioridade. Precisamos conhecer bem os fluxos de atendimento e trabalhar para oferecer encaminhamentos eficazes em situações de violação de direitos”, declarou.
A chefe do Núcleo Regional da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social e Família, Roberta Pilati, enfatizou a importância da articulação intermunicipal. “É essencial que os serviços estejam conectados, com um olhar único de cuidado. Cada espaço que atende a criança precisa estar alinhado com os demais, para garantir um atendimento contínuo e humanizado”.
O encontro contou com a presença de Daniela Hurmanski, professora e participante do evento, que ressaltou. “Essa troca de experiências é fundamental. Precisamos garantir que todos os serviços, de saúde, educação, assistência, tenham o mesmo olhar de cuidado com a criança vítima de violência”.
O psicólogo Jean Felipe Schwab, de Prudentópolis, observou que, apesar de os municípios executarem serviços semelhantes, as realidades e formas de atuação variam. “Esses encontros ajudam a alinhar práticas e promover melhorias. O debate com profissionais de outras cidades nos traz ideias e alternativas para fortalecer nossos serviços locais”.