Engenheiro diz que pediu ajuda a Lula para denunciar propinas na Petrobras

O engenheiro Geraldo Aurélio Feitosa, dono da empresa Cogefe Engenharia, relatou à Justiça Federal que sua companhia teria sido vítima do esquema de corrupção na Petrobras e que chegou a buscar ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da SIlva, via Frei Betto, para tentar resolver o calote que tomou da estatal petrolífera por não ter pago propina – segundo ele, a “mala preta” que foi exigida para as obras do Centro de Pesquisas da Petrobras, no Rio de Janeiro.

O depoimento foi tomado no dia 9 de dezembro de 2016 e encaminhado em vídeo pela Procuradoria da República em Minas para o juiz Sérgio Moro no dia 1.º de fevereiro. Em seu depoimento, Feitosa não dá detalhes de como teria sido o diálogo com o ex-presidente, diz apenas que o petista lhe prometeu ajuda e que o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, teria indicado um diretor jurídico na estatal para ele conversar, tudo sem sucesso.

Feitosa faz uma ressalva ao falar de Frei Betto, ou Carlos Alberto Libânio Christo, da Ordem Dominicana, amigo e assessor especial de Lula entre 2003 e 2004.

O engenheiro era réu até o fim do ano passado em uma ação penal na Justiça Federal em Minas acusado de sonegar R$ 2,2 milhões por meio de empresas de fachada com as quais sua companhia teria mantido contrato, segundo a Procuradoria da República em Minas.

Segundo ele, por causa desse calote da Petrobras sua companhia teve um prejuízo contábil de R$ 65 milhões. O episódio que deu prejuízo para a Cogefe, segundo Feitosa, envolveu a obra do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), no Rio.

O engenheiro contou que neste período era recebido mensalmente pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o ex-diretor de Serviços Renato Duque que lhe prometiam resolver o assunto “em breve”. Mais de um ano depois das conversas, sua companhia ainda não tinha recebido os recursos e os ex-dirigentes da estatal, atualmente condenados na Lava Jato, lhe sugeriram que a Cogefe fizesse um contrato de cessão da obra para a Andrade Gutierrez, empreiteira que participava do cartel que fraudava licitações na estatal

Feitosa relatou que aceitou fazer o contrato, que acabou sendo assinado, e passou a responsabilidade pelas obras para a Andrade Gutierrez. Na ocasião, segundo relatou, ele pediu que fosse feito um acordo para que sua empresa recebesse o pagamento que faltava, o que nunca ocorreu.

Defesa

O criminalista José Roberto Batochio, que coordena a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o depoimento se trata da fala de um réu que lança acusações sobre outras pessoas para tentar se safar da Justiça – e que por isso deve ser visto com cautela.

Massa News