Soja vai abrir 2017 valendo mais de R$90 por saca, projeta consultoria

Depois do peso mexicano, o real é a moeda que mais perdeu valor em real ao dólar após a vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Em menos de uma semana, o valor da moeda americana subiu quase 9% na comparação com a brasileira. Os economistas que projetam continuidade das altas para o dólar também preveem preços acima de R$ 90 por saca para a soja já no início de 2017.

Tecnicamente e graficamente a gente pode projetar cotações do dólar tão altas como R$ 3,81 a R$ 3,82. Economicamente, a gente vê um teto de R$ 3,75.A grande faixa de oportunidades para o dólar varia de R$ 3,65 a R$ 3,75 em 2016. As regressões econométricas realizadas no estudo da Apexsim, considerando não somente as cotações da soja mas também o comportamento do mercado nos últimos anos, indicam que a saca de soja disponível em Paranaguá pode chegar aos R$ 93 já em 01 de janeiro. Aliado a essa fundamentação matemática, estão a valorização esperada do dólar, que deve tornar a exportação ainda mais atrativa ao longo de toda esta safra e a escassez do produto nas primeiras semanas de janeiro explica o economista da consultoria Apexsim, Filipe Dawson.

A visão de que as melhores oportunidades ainda estão por vir não é um consenso no mercado agrícola neste momento. Para o diretor da AGR Brasil, Pedro Dejneka, há exageros no dólar que devem ser corrigidos. Segundo ele, se não houver problemas climáticos que gerem quebra de safra na América do Sul, o preço da soja na bolsa de Chicago pode voltar a ficar abaixo de US$ 9 por bushel e combinado com dólar inferior a R$ 3,20 no Brasil.

Eu posso falar em relação a bolsa de Chicago e ao câmbio. Para 2016, câmbio entre R$ 3,30 e R$ 3,50. Em 2017, o câmbio vai abaixo de R$ 3,20 novamente quando a poeira se acalmar e a soja, com clima normal na América do Sul, vai rumo aos US$ 9 por bushel ou até abaixo disso. Agora, é claro, com problemas no clima pode facilmente romper os US$ 10 e ir até US$ 11 por bushel. Mas, na minha opinião será dificílimo atingir os preços que foram atingidos na metade desse ano em qualquer porto do Brasil, explica.