Ser voluntário é ser humano

A verdadeira caridade surge espontaneamente de um coração simpático, antes mesmo que qualquer pedido seja feito. A frase é de autor desconhecido, mas é assim mesmo o trabalho voluntário. Todos dizem e sabem que é algo bom para a sociedade, mas só quem é voluntário sabe o bem que faz para si mesmo.

É assim com Carlos Gonçalves e Marcos Hamerski, membros fundadores do Coringas do Bem, grupo que leva alegria para hospitais e instituições como a Apae e o asilo de Guarapuava. Carlos contou que há sete anos era voluntário em grupos que iam em hospitais para alegrar as pessoas, mas em 2012 com a redução da frequência de participação do grupo, ele decidiu criar o Coringas do Bem. Desde então várias pessoas se juntaram à equipe e todo final de semana se dividem para ir aos hospitais São Vicente de Paulo e Santa Tereza.

O voluntariado, contou Carlos, mudou sua vida. Foi a partir dessa doação de seu tempo e recursos que ele percebeu o quão individualista a sociedade é, e que, mesmo assim, todos precisamos uns dos outros para viver. “Se mais pessoas fizessem trabalhos voluntários o mundo seria bem melhor”, afirma.

E é bom lembrar que voluntário não tem remuneração, pelo contrário, geralmente acaba gastando um pouco para conseguir ajudar o próximo. Mas o maior pagamento, para Carlos e Marcos, é o sorriso, a felicidade das pessoas com quem eles interagem nos hospitais.

Nem só de remédios se cura o homem, e todos sabem que a saúde brasileira costuma ser um tanto fria. Com isso queremos dizer que falta humanidade, falta cuidado olho no olho com o paciente, pois ninguém se sente bem quando tratado como um pedaço de carne.

E pessoas de todas as idades, com todos os tipos de enfermidades, cansadas de olharem para as frias paredes dos hospitais, avivam o espírito com as palhaçadas de Gergelim e Soluço – nomes que Carlos e Marcos assumem depois de colocarem as roupas coloridas.

A caminhada

As palhaçadas começam antes mesmo de vestirem os trajes. Com bom humor, os Coringas do Bem chegam no hospital no horário de visitas, e depois de fazerem os ajustes para se tornar Gergelim e Soluço seguem pelos corredores, tirando risos de todos que encontram.

Tem música com os funcionários do hospital, tem show de mágica, balão para as crianças, piadas e trocadilhos. É tudo uma festa, e continua – pelo menos por fora – ao entrar nos quartos, onde muitos dos pacientes estão debilitados, abatidos ou até à beira da morte. Mesmo assim os então palhaços não podem perder a compostura e seguem buscando sorrisos, tentando aliviar um pouco o peso de quem sofre.

“Sem querer a gente cura a dor, emocionalmente, o paciente se distrai, por que imagina você só olhando para as paredes brancas o dia inteiro”, disse Marcos. E como os dois ‘Coringas’ dizem, a humanização é o foco, tanto que os médicos formados mais recentemente já saem com esta visão. Mas até que a saúde seja do a alma além do corpo, precisaremos de mais Coringas do Bem para ajudar a dar forças.