Como alunos e professores estão se adaptando às aulas online?

Com as atividades presenciais encerradas desde o dia 15 de março, as instituições de ensino superior, como os demais setores, enfrentaram o dilema: fechar as portas ou tentar manter as atividades em modo virtual? 
Por razões econômicas, o setor privado já tinha avançado muito no EAD.

Enquanto isso, o setor público de modo geral, se mantinha no presencial. Com a pandemia, em Guarapuava, pelo que pudemos apurar, quase todas as instituições, inclusive a Unicentro, que é pública, migraram para as aulas online e mantiveram o calendário do ano letivo. A única exceção é a UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, que está com as aulas suspensas.

Mesmo no setor privado, como a transição ocorreu por necessidade, houve muita resistência por parte dos alunos e mesmo dos professores. Porém, até mesmo por sobrevivência, percebe-se que a adaptação está ocorrendo.

Em conversa com diversos alunos que tinham mais de 80% da carga horária presencial, há quase uma unanimidade em afirmar que, “não, a qualidade do aprendizado não é a mesma. A gente se esforça e o professor também, mas é muito fácil se distrair”, conta J., aluno da Univel de Cascavel.

Para M, estudante de medicina da FAG, também de Cascavel, será um ano quase perdido. “Os primeiros anos têm pouca prática… são aulas muito complexas, sinto que não estou aprendendo direito”, lamenta a aluna que pediu para não ser identificada.

Com os professores a perspectiva parece ser outra. “Tem sido uma experiência desafiadora, mas estamos encarando com determinação e conseguindo engajar os nossos alunos, com muita inovação”, conta o professor Pedro Papi, coordenador do curso de Administração, da Faculdade Campo Real de Guarapuava.

“Desafiador e inovador ao mesmo tempo, um aprendizado permanente”, também é a opinião da professora e coordenadora do curso de Administração da Faculdade Guairacá, Janete Prost Munhoz. Ainda nesta linha, o professor Marcelo Abdanur, diretor das Faculdades Guarapuava, acrescenta que a inovação veio para ficar. “É um desafio diário, mas aprendemos tanto que vamos aproveitar essa experiência mesmo depois que pudermos oferecer aulas presenciais”, destaca Marcelo.

Já o professor Marcelo Rodrigues, coordenador do curso de Administração da Unipar, campus de Cianorte, está otimista. “No ensino remoto estou tendo a oportunidade de fazer inovação com interatividade, objetivando a participação de outros professores/profissionais de lugares diferentes na minha aula em tempo real, trazendo a prática melhorando o ensino/aprendizagem”, explica Marcelo.

Mesmo em disciplinas de cálculo, alguns professores acreditam que tem se mantido o padrão de qualidade das aulas. É o caso da professora Márcia Gruba: “tem sido um momento de aprendizado docente.

Uma experiência desafiadora e rica, devido a necessidade de preparar uma aula em que você e o discente não estão no mesmo ambiente físico e tampouco na mesma sintonia, como acontece na aula presencialm mas tenho recebido bons feedbacks”, define Márcia.

Para a professora Rosely Scheffer, coordenadora da área de tecnologias, da Faculdade Integrado de Campo Mourão, este período será marcado por palavras como: Desafios; Disrupção; Insegurança; Emergência. “Estamos acelerando em diversos sentidos, há porém, desafios e incertezas todos os dias”, disse Rosely.
De acordo com a professora Lia Maura Caldas, da Faculdade Guairacá, em Guarapauva, o EaD é uma proposta de ensino que possibilita acesso a informação a públicos diversos.

“Quando se planeja um curso EaD são pensadas as várias realidades do possível aluno. Agora, fomos surpreendidos por uma situação não planejada, e tivemos que ajustar nossos planejamentos para as aulas a distância e online”.

Lia admite que para a instituição foi desafiador num primeiro momento, pois havia professores e alunos não tão familiarizados com as ferramentas utilizadas para este tipo de aprendizagem. “Hoje percebo o crescimento de nossos docentes e amadurecimento de nossos discentes, ambos compreendendo que apesar da diversidade é possível que continuemos a aprender e ensinar. Os desafios surgem para novos aprendizados”, enaltece a professora.

“Essa pandemia me fez enxergar o mundo de outra forma, em quase todos os meus afazeres, em especial no ensino”, reflete o professor Marcelo Cordeiro, coordenador do curso de Administração da Faculdade Integrado, de Campo Mourão. “Hoje estamos tendo que reaprender a ensinar com essas novas ferramentas, já montamos a aula pensando em como alcançar o aluno.

E isso veio para ficar”, acredita Marcelo.
Pelos depoimentos, há uma rápida adaptabilidade dessas instituições. Já a qualidade do ensino é uma questão só poderá ser respondida no futuro, quando estes jovens profissionais chegarem ao mercado. Em todo caso, pode-se dizer que, como já pregava Darwin, a seleção natural vai em breve ditar quem sobrevive e quem pode cerrar as portas, online ou físicas.