SANBER: Muito mais que uma vinícola de vinhos

Na serie de reportagens sobre os vinhedos de Bituruna, nesta edição apresentamos os vinhos Sanber e um pouco da sua história

  Na rota do vinho na PR 170, em Bituruna os visitantes tem na chegada da cidade uma das lojas mais completas em vinhos de produção exclusiva da família Sander. Que possui sua área de produção e vinícola na comunidade do Rosário. A vinícola pode até ter uma imagem jovial, mas está no ramo da vitivinicultura há mais de 80 anos. O desafio de continuar o legado familiar na produção de vinhos está nas mãos do jovem casal, Michele Bertoletti e Régis Rosso. Que cada dia buscam ser referência em qualidade, bom atendimento e sustentabilidade. Em entrevista ao Jornal Extra Guarapuava, Michele que é atual presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) falou um pouco da história da vinícola. Confira alguns tópicos da entrevista.

Jornal Extra- Como você define a Vinícola Sanber-

Michele- A Vinícola Sanber surgiu numa junção das famílias de origem italiana Sandi e Bertoletti, que tem buscado ao longo dos anos projetar e expressar a melhor do terroir da serra paranaense. Oriundas do Rio Grande do Sul, as famílias migraram para Bituruna na década de 1940. Apaixonados por vinhos, trouxeram na bagagem algumas mudas de videira e começaram uma pequena produção artesanal. Sempre tivemos a preocupação que sozinhas as famílias não conseguiriam crescer e disso surgiu a ideia da junção. Neste contexto veio as parcerias com outras famílias de viticultores que representam mais de 50% da nossa produção. Dessa forma também damos nossa contribuição social, além de passar o entendimento aos produtores que com o turismo nós conseguimos vender mais e eles podem produzir em larga escala, se tornando uma importante rede de apoio. Junto a isso vem o apoio do poder público municipal. Em 2006 criamos a conselho de turismo e desde então tem sido um desafio, mas também gratificante por ver tantos ganhos a cadeia produtiva, como também a comunidade biturense.

Jornal Extra- Qual sua opinião sobre o IG e a uva Casca Dura?

Michele- Isso certamente é uma das principais conquistas deste grupo de trabalho do Comtur. A Identidade Geográfica IG vai fazer com a uva e vinhos Casca Dura sejam reconhecidos mundialmente como um produto único de Bituruna. Junto a isso também vem IG das Uva Bordô.

Jornal Extra- Como avalia a expressão e reconhecimento dos vinhos Sanber no mercado consumidor?

Michele- Desde a chegada em Bituruna o objetivo dos meus bisavós era vender os vinhos que eles consumiam. Meu bisnono dizia que não iria oferecer aos outros um vinho que ele não conseguisse tomar, ou uva que iria comer, por isso que sempre buscou o máximo em qualidade e sabor. Para nós antes do trabalho é um orgulho atuar e buscar ser bem-sucedida numa atividade que é uma paixão. Já estamos na 4ª geração produzindo vinhos de vários estilos e sabores. Num produto que eleva o nome de Bituruna, produzido através das características do solo, clima e terroir expressado em cada garrafa.

Jornal Extra- Muitas vezes o mercado não da o tempo necessário de maturação dos vinhos. Como é para vocês administrarem isso?

Michele- É preciso ter um cuidado com isso, na Sanber nós temos alguns tipos de vinhos que só vão para linha de produção quando a safra é boa, sem intemperes. As vezes a pessoa vem até a loja ou vinícola a procura um determinado vinho da safra de 2017, nós não temos por que justamente a safra não produziu uvas de qualidade. Então nós temos essa consciência de ter sempre um padrão e sabor de vinhos, para isso tomamos o cuidado de não lançar no mercado o que não estiver dentro do nosso controle de qualidade.

Jornal Extra- O que é Casa Sanber?

Michele- A Casa Sanber é a nossa referência, numa casa construída há 80 anos, sendo a 1ª moradia dos meus avôs e hoje o espaço está preservado com móveis e utensílios tudo original. O objetivo é mantê-la intacta e com isso passar o conhecimento as pessoas de como eram o cotidiano da família que ali viveu por muitos anos. Ao visitar a casa as pessoas percebem o quanto os imigrantes italianos tiveram dificuldades para desbravar essas terras, produzir, criar seus filhos e construir o legado que temos hoje, na atividade de vinicultores. Quase todos os meses e semanas recebemos grupos de escolas, faculdades e visitantes. Toda qualquer visita de cunho educativa não tem custo aos visitantes. Tem um ditado que o povo que não conhece sua história tende a repeti-la.

Jornal Extra- Além das lojas de vinhos o que o visitante vai encontrar na vinícola?

Michele- Além da visita ao Museu, nós temos visitas técnicas, sempre acompanhadas por enólogos e profissionais de apoio. Nas épocas de safra, temos o pague e colha, com direito a provar e sentir o sabor da uva fresquinha no pé. Temos pacotes para grupos com pisa na uva, onde vai relembrar como era produzido o vinho no passado. Pacotes para colheitas de pinhão no inverno e assim comer o pinhão no sapeco do sapé. Caminhadas na natureza que acontecem durante o ano. Curso de degustação e dentro de uma temática temos atividades o dia inteiro aos visitantes, conhecendo um pouco da cultura italiana.