A garota da moto: motogirl oferece serviços só para mulheres

Em meio a tantos aplicativos e serviços ‘masculinizados’, a garota da moto faz a diferença

A guarapuavana Gisele, 28 anos, teve uma ideia inusitada e lucrativa. Passou de atendente de lanchonete a motogirl. Com sua moto, que usava para dar carona às amigas, começou a oferecer serviços de mototáxi só para mulheres.

Eu levava minha amiga trabalhar. Daí resolvi sair do atendimento e pensei que era uma boa ideia, porque tem bastante gente que quer pegar um Uber e as vezes não consegue, quer pegar um táxi e não dá certo, então, dá um grito pra mim, eu vou e pego, disse Gisele. O resultado superou as expectativas. Tá dando super certo, a mulherada tá gostando bastante, contou entusiasmada.

(Luca Soares/Extra Guarapuava) Gisele, de ex-atendente de lanchonete a motogirl

 

Segundo a mototaxista, mesmo não sendo um trabalho legalizado, as mulheres se sentem mais à vontade em ser transportadas por outra mulher, tanto que a clientela só aumenta. Eu não consigo parar [de trabalhar]. Na verdade, hoje em dia, está muito perigoso, né, daí dependendo pra quem a gente vai buscar, quem a gente vai pegar. E tem muita mulher me chamando, por isso, vou continuar só com as mulheres, declarou.

Para uma de suas clientes, a autônoma Djeiny, o serviço da mototaxista representa uma segurança. Acho muito bom esse trabalho, por que pra gente, mulher, é uma segurança. Muitas vezes você se sente insegura em chamar o Uber, porque hoje em dia tá difícil os caras respeitar as mulheres, os taxistas respeitar as mulheres.

(Foto: Luca Soares/Extra Guarapuava) Para Djeiny, a mototaxista é cuidadosa e pilota super bem

 

Geralmente, você sai é uma piadinha aqui, outra piadinha ali, pedem telefone e o marido não gosta. Então, é uma segurança pra gente. Eu gosto muito do trabalho dela [da Gisele]. Ela é super atenciosa, ela é bem cuidadosa e pilota super bem, comentou.

E Gisele não parou por aí. A moto girl resolveu estender seus serviços para entregas de encomendas, mas só para mulheres. Encomenda também. Às vezes, não pode levar, estou fazendo esse serviço. Estou atendendo bastante dona de loja de roupa, calçado, pagando conta em lotérica para as senhoras que não podem sair de casa, então estou fazendo esse trabalho também. Tá ando certo, tá show de bola, comemorou a motogirl.

A pedagoga Simone Marques comenta que, para quem, como ela, trabalha o dia todo e emenda uma atividade na outra, o serviço da Motogirl é muito importante. Eu trabalho fora e tenho muitas responsabilidades, assumindo um caráter multifacetado para dar conta das minhas ocupações no trabalho, na sociedade e no lar com os filhos. Nesse sentido, poder contar com o apoio da mototáxi Gi é muito bacana; pois ela vai até ao meu trabalho ou minha casa e de forma rápida resolve demandas do dia a dia, que muitas vezes não tenho tempo, falou Simone.

(Foto: arquivo pessoal) Simone utiliza sempre os serviços da motogirl porque ela é muito confiável

 

Simone disse que fica muito mais tranquila em todos os sentidos em estar contando com uma mulher para ter contato com o seus círculos familiar e social. Ela se mostrou responsável e de confiança nas atividades que solicitei. Sou chefe da minha família, e eu não uso o mototáxi da Gi como transporte e sim com serviços diversos. A Gi já pagou contas para mim na lotérica, buscou minha diarista para trabalhar, levou encomendas para meus filhos que estavam em casa de amigos. Fez outros pagamentos, e foi de inteira confiança.

Vale lembrar que, em Guarapuava, o serviço de mototáxi não é legalizado e já trouxe alguns problemas para Gisele, porém, nada que a fizesse desistir de sua nova função. Resolvi colocar minha ideia nas redes sociais de Guarapuava e muita gente me criticou, falou que não poderia que ainda não era legalizado, mas eu faço corrida particular e tem bastante gente que faz corrida particular. As moças que querem ir numa balada, trabalhar de manhã cedo, eu faço a corrida particular, disse.

Por ser a única mototaxista feminina, Gisele é a pioneira na profissão, e já pensa em expandir seus horizontes comerciais. Pensei em fazer uma empresa só com motogirls, hoje mesmo uma menina me ligou perguntando se eu não estava contratando. Sobre a legalização Vou correr atrás pra ver isso aí. Acho que o mototaxi tem que ter em Guarapuava. Nas outras cidades têm, por que que aqui não, ressaltou Gisele.

Pensar na regularização e montar uma frota de motogirls para atender mais mulheres, são o próximos planos da garota da moto, que conta com o apoio da família. Meu marido tá achando super legal, tá achando da hora, ainda mais que o movimento está muito bom. Minha mãe e meu pai apoiam mas acham perigoso. Hoje eu falei que ia dar entrevista para vocês, eles falaram meu Deus, vão começar a querer te matar, na cidade, por causa disso. Falei não pai, não se preocupe, porque é um trabalho. finalizou.

Recado apara os taxistas e motoristas por aplicativo: tem espaço para todo mundo, e o que eles não conseguem atender, eu atendo, principalmente a mulherada.