Coringas do Bem levam alegria a hospitais e instituições de Guarapuava

Gergelim, Mirabel, Fuxico, Solhuço, Xarope. É assim que Carlos Alberto Gonçalves, sua esposa Viviane Balhuk e os demais integrantes do grupo Coringas do Bem são conhecidos pelos corredores dos hospitais e outras Instituições que atuam

Em entrevista ao Jornal Extra Guarapuava, Carlos contou que o grupo começou o projeto em 2011. Na época ele participava de outro que estavam um pouco parados com os trabalhos, então por vontade de continuar atuando, resolveu criar um novo grupo e assim começou a ir atrás de parceiros e idealizar toda a parte de estruturação, como nome, logotipo e também na busca por voluntários. No final de 2011, foi definido que o nome do grupo seria Coringas do Bem.

Optei por coringas pelo fato de podermos realizar o trabalho em outras entidades também como asilos, orfanatos, que muitas vezes também são carentes de afeto. Eu não queria me prender a ‘palhaços’, como é na maioria dos grupos. Coringa atua em qualquer área e também lembra o bobo da corte, um dos primeiros palhaços que surgiu, e o 'do bem’ pois o objetivo sempre foi o de fazer o bem, comenta.

Como a intenção era poder trabalhar em outras instituições, Carlos procurou representantes do SOS Airton Haenisch e acertaram uma visita ao mês. No começo, as visitas eram realizadas no SOS, Hospital São Vicente de Paulo, Santa Tereza, Hospital São Vicente em Pitanga, Fundação Proteger e Casas Lares.

O objetivo inicial dos Coringas sempre foi o de um trabalho voluntário, mas eu sempre ‘bato’ na questão de quando se trata de trabalho voluntário, antes do voluntário existe a palavra trabalho. Quando é um voluntariado livre, as pessoas pensam que podem ir a hora que quiserem, ou uma vez ao ano, então era algo que ficava muito desorganizado. No início, muitas pessoas entravam mas poucos participavam, comentou Carlos.

Tinha uma época que nosso grupo do Facebook tinha mais de cem pessoas e umas vinte no máximo que participavam com frequência, ressaltou Viviane.

Devido a tudo isso, chegou um momento que eu parei e pensei que estava na hora de ‘arrumar a Casa’. Criamos um regimento interno que hoje apresentamos nas nossas oficinas e então antes da pessoa entrar, ela precisa estar consciente de quais são os deveres, direitos e obrigações como em qualquer outro local de trabalho. Claro que o objetivo é o de levar o bem, o melhor de cada um, saber se doar, mas ao mesmo tempo tem que ter esse comprometimento para o trabalho pode continuar, uma questão da qualidade e não quantidade, disse Carlos.

Na época eles fizeram oficinas com o SOS Alegria de Ponta Grossa para aperfeiçoamento e logo em seguida começaram a repassar o que aprenderam aos voluntários.

Hoje estamos com treze voluntários ativos. Atendemos o Hospital São Vicente e Santa Tereza, no SOS, paramos por um tempo pois é um período onde os senhorzinhos ficam muito expostos, pretendemos voltar quando passar o inverno, disse Carlos.

As visitas acontecem todos os finais de semana com no mínimo uma dupla. Se quatro pessoas estiverem presentes no dia, serão divididas em duas duplas para cada quarto. Não tem como entrar mais pessoas pois acaba incomodando o paciente e você acaba não fazendo um trabalho legal, ressaltou Carlos.

Carlos contou à reportagem que como agora o grupo tem CNPJ regularizado, pretendem transformar em uma Associação sem fins lucrativos.

As oficinas acontecem de uma a duas vezes ao ano. Esse ano ainda não foi realizada, o que deverá ocorrer provavelmente entre agosto ou setembro. Há todo um treinamento, mas a seleção não é rígida, só se a pessoa apresentar algum tipo de problema no sentido emocional ou psicológico.

Nas oficinas, há toda a parte burocrática explicando sobre o regimento interno, sobre o que pode e o que não pode, roupas e objetos que não podem ser usados nos hospitais, falamos do padrão de roupas, nariz, maquiagem, lavagem de mãos e assepsia. Temos uma professora de teatro que é voluntária também e nos dá um suporte na parte artística e de humanização, como aprender a olhar o outro com amor, poder ver a pessoa sem ver a doença. Isso já traz toda uma seriedade de um compromisso, se a pessoa fez a oficina sabendo dessa parte ‘chata’, porém necessária, pra ela já se torna algo mais sério, dá mais credibilidade e também é através da oficina que conseguimos conhecer um pouco mais das pessoas, disse Viviane.

HOSPITAIS

O casal comentou que precisam de mais voluntários, para assim poder fazer não só uma visita por semana e sim ter mais grupos em ações nos hospitais, São Vicente e Santa Tereza, numa atenção voltada aos pacientes internados.

Sempre colocamos um veterano com um novo voluntário, é uma forma de valorizar a pessoa para que ela possa mostrar o seu lado ‘palhaço’ e também poder oferecer seu carinho e amor, isso acaba não desmotivando. Eles precisam se sentir valorizados, amados, motivados, para assim poder realizar um bom trabalho e permanecer no grupo, frisou.

Após cada visita, a sensação pra mim, além do dever cumprido, é também como preenchimento na minha vida em muitas coisas. É uma satisfação pessoal muito grande poder fazer algo pelo outro e eu sinto que isso preenche lacunas. Muitas vezes achamos que temos problemas, mas após as visitas, percebemos o quanto nossa vida é maravilhosa, acabamos valorizando mais nossa família e principalmente nossa saúde, disse Viviane

Para mim esse trabalho é vida. Sem o 'Gergelim' eu não existo, enquanto Deus me permitir e eu tiver saúde, nem que seja indo de bengala no hospital, quero continuar sempre. Muitas vezes acabamos aprendendo lições de vida com pessoas que estão internadas que é de ‘cair o queixo’, pessoas em estado terminal sorrindo e nos incentivando. Sinceramente não me vejo sem realizar esse trabalho. Além das visitas aos pacientes da pediatria, SUS, particular, oncologia, acabamos fazendo amizade com todos dos hospitais, pessoal da enfermagem, recepção, cozinha, farmácia, lavanderia. Eles ficam esperando por nós e isso é muito gratificante, finalizou Carlos.