Você sabe o que é endometriose?

Conheça as causas e os sintomas da doença

Ser mulher não é nada fácil. Cuidar da casa, dos filhos, trabalhar, estudar, e tantas outras coisas que fazem no dia a dia, tendo que suportar as terríveis cólicas menstruais e a TPM, que não é para qualquer um mesmo. E por isso, falando desse assunto tão importante, a saúde da mulher, o Jornal Extra procurou especialistas para esclarecer dúvidas sobre a endometriose, doença que afeta cerca de seis milhões de brasileiras.

De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, (SBE) a doença atinge entre 10% a 15% das mulheres com idade reprodutiva, ou seja, na faixa dos 13 a 40 anos. As mulheres que desenvolvem a doença têm 30% de chances de ficarem estéreis.

Mas afinal, o que é a endometriose? É uma doença onde ocorre pequenos implantes de células da camada interna do útero (endométrio) fora desta cavidade, podendo se localizar na parede uterina ( Adenomiose), nos ovários, na bexiga, nos intestinos, no revestimento interno do abdome ( peritônio ) e em vários outros locais.

Sintomas – Dores pélvicas (no abdômen) intensas no período menstrual, dor nas relações sexuais, menstruação excessiva, fadiga, diarreia, náuseas, e às vezes até infertilidade. De acordo com o ginecologista e obstetra, Dr. Antonio Conti, a ecografia, a tomografia e a ressonância magnética podem ajudar no diagnóstico, mas a endometriose só pode ser confirmada, com videolaparoscopia e com análise de peças cirúrgicas ou biópsias.

Com o estímulo hormonal para a menstruação, as células do endométrio se proliferam e, causam grande irritação local, de maneira progressiva, levando a dor, aderências, fibrose, infertilidade feminina, etc, explica o ginecologista.

Casos – A empresária Noeli Gelisnki (45) sofreu de endometriose. Ela diz que desde menina sentia muitas dores no período menstrual, mas achava ser normal. Depois de um tempo começou a tomar anticoncepcional e as cólicas diminuíram, mas aí veio a primeira gravidez, e as cólicas voltaram.

(Fotos: arquivo pessoal Noeli Gelinski fez a histerectomia para retirada da endometriose

Fui ao médico e ele achava que era assim, mudava o remédio e continuavam até que começou uma hemorragia todo mês. Quando menstruava era um tormento além das cólicas, havia a hemorragia, aí fizemos exames e o médico fez o diagnóstico, conta a empresária.

De acordo com Noeli, após o diagnóstico o médico lhe deu duas opções: a videolaparoscopia ou a histerectomia (retirada do útero). Nesse período de idas e vindas e muitos medicamentos, optamos pela retirada do útero. A cirurgia foi simples e a recuperação rápida, hoje não sinto mais dores, acrescenta.

Outra paciente que também teve endometriose, mas descobriu a tempo, foi a Operadora de Caixa, Tatiane Pacheco Peres (21). Segundo ela, a descoberta da doença ocorreu após um sangramento bem intenso fora do ciclo menstrual.
                                                                                 Tatiane Pacheco Peres também sofreu endometriose e foi operada.
Depois disso, foi ao médico e, por meio de exames, descobriu alguns cistos. Procurei a Dr Daisy, e logo na primeira consulta ela pediu alguns exames, e falou da possibilidade de ser endometriose. Fiz vários exames de sangue, e mais algumas ecografias. Ela suspeitava também que poderia ser câncer de ovário, a certeza da endometriose só veio com a cirurgia, explica Tatiane.

Ao contrário de Noeli, Tatiane não tem filhos, e o seu maior medo era de que se tornasse infértil. Na cirurgia foram retirados todos os pequenos cistos que haviam se formado. No começo foi bem difícil aceitar que estava acontecendo comigo, pois tinha a chance de ter que remover meus ovários e não poderia mais ter filhos, relata.

Segundo a SBE, alguns casos podem ser hereditários, mas isso não é um fator que contribui para a evolução da endometriose. Quanto ao tratamento, depende muito da fase ou estágio da doença, se a mulher deseja ou não ter filhos etc.

Nas fases iniciais pode ser feito o tratamento hormonal, com objetivo de bloquear a menstruação. Já nas fases intermediárias pode ser feito cauterização (videolaparoscopia ou cirurgia convencional), indo até as cirurgias mais radicais.

Em nota, a Prefeitura de Guarapuava disse, que a mulher com suspeita de endometriose, deve procurar a unidade básica de saúde mais próxima de sua casa, para realizar os exames e, receber os medicamentos que estiverem disponíveis na rede pública. Porém se o médico do posto de saúde solicitar o encaminhamento para cirurgia, deve-se procurar tratamento particular, pois o SUS não cobre a operação.

Prevenção  – A prevenção é feita com diagnóstico precoce, impedindo que a doença evolua para fases mais avançadas com sintomas mais severos. Dr. Antônio Conti enfatiza que os cuidados pré e pós – operatórios da cirurgia de endometriose, são parecidos aos de outras cirurgias, porém, é necessário ter uma equipe multidisciplinar, com ginecologista, urologista e cirurgião geral ou do aparelho digestivo, porque a endometriose costuma invadir outros órgãos.

Dr. Antonio Conti Ginecologista, obstetra
Mas lembre-se, segundo os médicos, nem toda dor pélvica, dor menstrual, dor nas relações sexuais e infertilidade tem como causa a endometriose. Portanto, para ter certeza se é a doença procure um médico, de confiança realize os exames. Fique atenta!