Incêndios e desastres podem ser causados por negligência

Até o final do ano o Corpo de Bombeiros de Guarapuava fará o recadastro e vistoria de até 10 mil estabelecimentos, notificando as irregularidades

                     Felipe Angonese/Jornal Extra

Extintores como o da imagem apagam apenas chamas das classes B e C, de origem de líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos, respectivamente
 
No início de 2015 a tragédia que matou 242 pessoas e feriu 680, no Rio Grande do Sul, completou dois anos. Para quem não se recorda, foi na boate Kiss que um show de pirotecnia originou um 
incêndio. Foi claro na época o desespero de quem tentava escapar das chamas. Grande parte das pessoas sequer morreu por causa do fogo, mas por que foi pisoteada durante o pânico que tomou conta, ou foi asfixiada pelos tóxicos expelidos.

Lembrarmos de situações como esta nos fazem refletir sobre nossa própria segurança, que muitas vezes está em risco. Para minimizar este risco algumas ações foram tomadas à nível nacional e estão sendo desenvolvidas até hoje.

Um exemplo é a correta adaptação de locais públicos para casos de incêndio, que era negligenciada em muitos lugares antes do alarme aceso pela tragédia de Santa Maria.

De lá para cá, boates, bares, clubes ou qualquer lugar que tenha grande aglomeração de pessoas, não podem funcionar sem extintores adequados, portas anti-pânico, iluminação e sinalização de emergência.

Locais com esta configuração já foram vistoriados pelo corpo de bombeiros de Guarapuava, que recentemente mudou o sistema de cadastro e está aproveitando para fazer novas vistorias. O Sargento Viana disse que “estamos vendo os itens básicos, como extintores, sinalização, iluminação e saídas de emergência”.

Os requisitos dependem do porte e finalidade do estabelecimento. Em locais com até 100 metros quadrados é preciso ter um extintor do tipo ABC. Locais acima deste tamanho precisam de pelo menos dois extintores.

Além de Guarapuava outros 20 municípios da região são de responsabilidade do Corpo de Bombeiros deste município. Para dar conta da demanda, as atividades podem ir até o final do ano, sendo que a meta é verificar entre oito e dez mil estabelecimentos de toda a região.

Regularizar para certificar

Neste momento de recadastramento as equipes estão dando orientações e notificações para regularização. As empresas que não apresentam problemas recebem uma certificação, que pode ser solicitada por autoridades em caso de desastres ou incêndios, isentando a empresa da possibilidade de negligência. “Por isso é importante que quem não esteja dentro das normas procure regularizar e em seguida  solicite uma nova vistoria”, disse o sargento.
O prazo de regularização é de 30 a 90 dias após a notificação. Toda via, locais com grande aglomeração de pessoas são prioridade e são nesses casos (quando o risco é maior e atinge mais pessoas) que podem ser encaminhadas denúncias ao ministério público, podendo resultar no fechamento das portas até a adaptação da estrutura.

Viana também falou que é cedo para destacar uma irregularidade mais comum, mas a maior preocupação é com os extintores. Como existem três categorias (A, B e C), uma para cada tipo de incêndio, o ideal seria o uso de um extintor ABC, já que um que seja à base de água não pode ser usado para conter chamas de origem elétrica, por exemplo.

Brigada de incêndio
O sargento Viana também esclareceu sobre as brigadas de incêndio, que são obrigatórias desde 2013, em estabelecimentos ou estruturas que tenham fluxo de 100 pessoas para cima ou tenham sistema de hidrante.
Onde existem brigadas, ou deveriam existir, é preciso que os responsáveis tenham um treinamento, que não é fornecido pelos bombeiros mas sim por empresas privadas. “É preciso que alguém do estabelecimento saiba usar equipamentos como extintores e mangueiras de incêndio”, concluiu o Sargento.