Impossível não escrever

Mais uma semana pensando no que escrever e vários temas me fazem pensar e refletir. Queria muito comentar  a  política brasileira sob um ponto de vista de quem mora fora do país, mas o fato ocorrido no hebdomadário francês me impede. Não consigo parar de pensar em tal barbárie e ela fica pior (se é que isso é possível) quando penso que aconteceu a poucos quilômetros de mim.

Uma das primeiras coisas que recordo ter aprendido em minha vida foi um dos dez mandamentos da bíblia que diz: não tomeis o nome do senhor teu Deus em vão. Cresci em uma família religiosa e desde muito novo soube que com Deus não se brinca. Durante a história da humanidade são incontáveis os exemplos de líderes que utilizaram o poder da religião para justificar guerras e matanças,  mas hoje em dia temos visto algo assustador.

Mosab Hassan Youssef escreveu uma autobiografia contando os bastidores da interminável guerra entre judeus e palestinos. Mosab é filho do xeique Hassan Youssef, um dos 7 membros fundadores do Hamas. Impressiona os detalhes contados por ele em seu livro e impressiona ainda mais o desfecho vivido por Mosab.

Em resumo ele conta o quanto alguns líderes das entidades islâmicas  usam da boa fé de seus seguidores para instigar o ódio e as matanças desenfreadas. Líderes que fingem estar em busca da paz para conseguir mídia e dinheiro, mas incentivam suas alas radicais a praticar o terror. Infelizmente esses líderes maus estão se sobressaindo aos incontáveis bons líderes e homens das entidades islâmicas.

Tenho ficado muito impressionado com o quanto as pessoas temem o islamismo, assim como temem os homossexuais,  os negros e etc etc etc. Mundo chato esse mundo em que estamos vivendo, tudo que você falar pode virar pólvora para alguém matar outrem. Está totalmente errado os Estados Unidos da América  invadirem  os países árabes e impor sua cultura, assim como está totalmente errado países árabes não aceitarem a cultura ocidental. Aceitar é tolerar.

Liberdade  é a palavra certa, uma vez que teoricamente todos temos liberdade. Escrevo  teoricamente porque temos visto que a prática não é essa. Leis, regras e parâmetros devem existir,  mas mesmo assim você pode quebrá-los, desde que esteja disposto a arcar com as consequências. Algum tempo atrás um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus desrespeitosamente chutou uma imagem, uma santa da Igreja Católica. Esse acéfalo com certeza deveria ter pago pelo seu ato, mas alguém acredita que ele deveria ter sido assassinado?

O ponto que quero chegar é esse, os fanáticos jihadistas querem impor sua fé através do medo. Todos devemos respeitar as vontades, os desejos e as escolhas um dos outros, mas aterrorizar quem brinca ou satiriza sua escolha, isso já é demais. Ninguém fala muito sobre isso porque todos tem medo da reação, uma vez que  muitos de nós  tem medo de se tornarem novos Charlies Hebdos. Novamente eu pergunto: você acha isso correto?

Cansei de me ofender com filmes, livros, revistas e piadas satirizando minha religião e meu Deus e não é por isso que saio matando os outros. Chega de usar o nome de seu Deus em vão! Os atentados ao jornal/revista francês foram um desserviço à liberdade de imprensa, uma amostra que realmente temos uma liberdade: A LIBERDADE DE CALAR A BOCA se quisermos continuarmos vivos.

JE SUIS CHARLES
p.s – certo de muitas críticas que receberei, peço desculpas aos que se ofenderem com o texto, mas esse texto vem para tentar pregar o amor e a tolerância, tão presente por enquanto no nosso país. Alá, Deus, Jesus, Maomé, Buda, Xiva, todos devem ser respeitados, todos devem ser tolerados, mas não acredito que nenhuma das crenças pregue algo diferente do amor.

Por: Gidalti Linhares