Zeca Dirceu aciona órgãos de controle e exige investigação total do caso Banco Master
Para o deputado, as suspeitas são tão graves que podem revelar um dos maiores escândalos financeiros com impacto direto sobre aposentadorias dos últimos anos
O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) deflagrou uma das maiores ofensivas institucionais já vistas no sistema financeiro brasileiro. Diante da liquidação extrajudicial do Banco Master e de uma sucessão de indícios de fraude, manipulação societária e risco a recursos previdenciários, o parlamentar acionou simultaneamente Banco Central do Brasil (BC), CVM – Comissão de Valores Mobiliários, Previc – Superintendência Nacional da Previdência Complementar e a PGR – Procuradoria Geral da República para uma investigação completa sobre o caso — que envolve também a Planner Corretora, a Fictor Holding e o LetsBank/BlueBank.
Segundo Zeca, as suspeitas são tão graves que podem revelar um dos maiores escândalos financeiros com impacto direto sobre aposentadorias públicas dos últimos anos.
Falhas de supervisão e possíveis alertas ignorados pelo Banco Central
No ofício enviado ao Banco Central, o deputado pede a íntegra dos relatórios que levaram à liquidação do Master, apontando problemas que considera inaceitáveis na supervisão da instituição.
Zeca Dirceu quer explicações sobre: as possíveis falhas graves na supervisão prudencial; as operações com partes relacionadas e movimentações internas suspeitas; os fluxos de caixa inconsistentes e demonstrações financeiras questionáveis; eventuais alertas internos ignorados e também comunicações (ou ausência delas) ao Coaf sobre operações suspeitas.
Para o parlamentar, a atuação do BC precisa ser totalmente esclarecida: “Não é possível que tamanha deterioração tenha acontecido sem alertas robustos”.
Um dos pontos mais explosivos envolve a tentativa de compra do Banco Master pela Fictor Holding, que Zeca Dirceu considera como possivelmente simulada para atrasar a intervenção do Banco Central.
Ele pediu acesso completo aos documentos da operação, incluindo contratos assinados, comprovação real da origem dos recursos anunciados, estrutura acionária dos compradores, relatórios de due diligence e razões técnicas para o BC barrar a transação.
O deputado quer saber se havia falta de lastro, documentos falsos ou inconsistentes, e se a suposta aquisição foi usada como “rolha” para impedir ou retardar medidas regulatórias.
Risco às aposentadorias: RPPS no centro da crise
No documento, Zeca Dirceu aponta ainda como gravíssima a suspeita de que recursos de Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) podem ter sido capturados por produtos inadequados do grupo Master. As representações indicam: atuação da Planner Corretora como intermediária central; conflitos de interesse na distribuição desses produtos; oferta de investimentos incompatíveis com o perfil previdenciário; possível prejuízo direto ao dinheiro da aposentadoria de servidores públicos.
Diante disso, o deputado pediu uma auditoria completa à Previc e abertura de Processo Administrativo Sancionador pela CVM contra os envolvidos.
Crimes graves: lavagem, fraude e obstrução
À Procuradoria-Geral da República, Zeca Dirceu levou as suspeitas criminais mais pesadas, solicitando investigação formal sobre lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e temerária, fraudes societárias e falsidade documental. Bem como sobre estelionato contra fundos previdenciários e obstrução da fiscalização do Banco Central.
Ele ainda pede avaliação sobre: a quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático e cooperação internacional para rastreamento de recursos.
LetsBank/BlueBank também sob suspeita
As recentes mudanças societárias e de nome do LetsBank para BlueBank, autorizadas pelo BC, acenderam outro alerta no gabinete do deputado. Ele quer acesso a todos os processos que envolvem alterações de controle, reestruturações internas e eventuais ligações entre os controladores e agentes envolvidos no caso Master.
“É o dinheiro da aposentadoria do povo que está em risco”, disse. Para Zeca Dirceu, o caso vai muito além de um colapso bancário, pois, saliente, “há indícios graves de manipulação societária, simulação de aporte e possível uso de intermediários para capturar recursos de aposentadorias públicas. Isso exige resposta firme do Estado.”
Os órgãos já acionados são o BC, a CVM, a Previc e a PGR. Com a ofensiva institucional do deputado, o caso Banco Master deixa de ser apenas um episódio de liquidação e se transforma numa investigação de alcance nacional, com potencial para revelar fraudes sistêmicas, lavagem de dinheiro, manobras societárias e ameaças reais ao patrimônio previdenciário de milhares de servidores. Zeca Dirceu se coloca no centro da cobrança por transparência, responsabilização e proteção ao dinheiro público.