Assembleia viabiliza atendimento psicossocial às vítimas do tornado em Rio Bonito do Iguaçu

Convênio firmado com o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) garante força-tarefa de psicólogos voluntários por cerca de 90 dias no município

A Assembleia Legislativa do Paraná assinou convênio com o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP/PR) com o objetivo de oferecer atendimento psicossocial às vítimas do tornado em Rio Bonito do Iguaçu. O convênio prevê o repasse de R$ 418.539,20, garantindo as condições logísticas necessárias para a atuação em campo. A iniciativa é da Frente Parlamentar de Proteção à Saúde Mental da Casa de Leis, coordenada pela deputada Ana Júlia Ribeiro (PT), e do Bloco Parlamentar da Saúde Pública, liderado pela deputada estadual Secretária Márcia Huçulak (PSD).

O presidente da Assembleia, deputado Alexandre Curi (PSD), afirmou que a medida representa mais uma ação concreta do Poder Legislativo para ajudar as famílias atingidas. “Após a tragédia, em menos de 48 horas, a Assembleia já estava reunida em sessão extraordinária para aprovar projetos importantes enviados pelo governador, como a homologação do decreto de calamidade pública e a alteração no Fundo de Catástrofe, permitindo o repasse direto de recursos às famílias atingidas. Agora, avançamos ainda mais com uma parceria voltada à saúde mental, junto ao Conselho Regional de Psicologia, para garantir atendimento psicológico às famílias que não têm condições financeiras de arcar com esse serviço”, disse.

“Essa reivindicação foi trazida pelas deputadas Ana Júlia e Márcia, e determinamos imediatamente que a diretoria da Casa firmasse um convênio com o Conselho, possibilitando o repasse de recursos para que os psicólogos possam atender, de forma gratuita, as famílias fortemente afetadas”, contou. “Tivemos famílias que perderam entes queridos, famílias que perderam todo o seu comércio, famílias que perderam as suas residências. Esse atendimento psicológico é fundamental. Não é apenas recuperar a casa da pessoa, mas também oferecer esse atendimento tão importante, que é o acompanhamento psicológico, recuperando mentalmente as pessoas para que possam voltar ao trabalho, ao dia a dia normal e reconstruir suas vidas”, comentou.

Proteção da saúde mental

“Confesso sentir grande orgulho, pois entendo que o trabalho parlamentar deve sempre beneficiar a população”, afirmou a deputada Ana Júlia (PT). A parlamentar relatou que, diante da tragédia ocorrida, foi necessário refletir sobre como poderiam, enquanto parlamentares e membros da Frente, contribuir para a reconstrução da vida das pessoas afetadas. “Encontramos um caminho por meio da proteção da saúde mental. A proposta deste convênio visa, portanto, oferecer atendimento contínuo e especializado às famílias, considerando o sofrimento, a perda e o trauma decorrentes da perda de seus lares e de tudo o que construíram ao longo da vida”, explicou a coordenadora da Frente Parlamentar de Proteção à Saúde Mental da Casa de Leis.

Ela também agradeceu o apoio da Mesa Executiva da Assembleia, que acolheu o projeto e auxiliou na obtenção dos recursos para financiá-lo, em parceria com o Conselho Regional de Psicologia. “Conseguimos alocar recursos para custear diárias de alimentação, transporte e hospedagem dos psicólogos voluntários que atuarão em Rio Bonito do Iguaçu. Isso é muito importante para contribuir com a reconstrução emocional das pessoas”, finalizou.

Líder do Bloco Parlamentar da Saúde Pública da Assembleia, a deputada Márcia Huçulak (PSD) também relembrou a resposta rápida da Casa de Leis para auxiliar na reconstrução da cidade. “Mas há sequelas que são a dor da alma, e isso não tem como mudar se não fizermos um apoio psicológico às famílias. Por isso, viemos trabalhando na Frente Parlamentar da Saúde Mental, da qual sou integrante, em como poderíamos ajudar essas famílias. Esse convênio com o Conselho, que terá início a partir de janeiro, será uma forma de minimizar os danos causados por essa tragédia”, afirmou.

O presidente do CRP/PR, Gilberto Gaertner, explicou como funcionará o convênio. “O Conselho tem a função de orientar e fiscalizar. Fizemos a identificação dos voluntários, um treinamento preliminar, além de organizar e orientar a atuação deles. Esse convênio é de grande importância, pois permitirá realizar uma capacitação de alto nível em todo o estado e preparar os profissionais de Psicologia para catástrofes climáticas, que estão se tornando cada vez mais frequentes”, explicou.

Segundo ele, este é o primeiro passo e, na sequência, o treinamento ajudará a subsidiar as ações dos voluntários, que serão orientados e fiscalizados pelo Conselho. “As pessoas ficam literalmente desestruturadas em todos os aspectos. É muita coisa para organizar e pensar, mas o impacto permanece e precisa ser trabalhado adequadamente para que a pessoa consiga seguir em frente”, afirmou.

Ações do convênio

O CRP/PR mobilizou 150 profissionais voluntários, dos quais 110 receberam capacitação específica para atuação em situações de emergência, crises e desastres. A força-tarefa será organizada em equipes de 20 profissionais por dia, atuando em duplas e em regime de rodízio, com presença contínua no município por cerca de 90 dias.

As ações incluem acolhimento psicológico emergencial, atendimentos individuais e em grupo, atividades lúdicas para crianças, triagem de riscos psicossociais, encaminhamentos ao SUS e ao SUAS, além de orientação aos profissionais municipais envolvidos na resposta ao desastre. Os atendimentos ocorrerão em espaços seguros disponibilizados pela Prefeitura, como CRAS, unidades de saúde, escolas ou ginásios.

O convênio assegura o custeio de transporte, hospedagem, alimentação e materiais, seguindo os parâmetros oficiais de diárias do Estado do Paraná, conforme o Decreto nº 6.358/2024, e prevê capacitação continuada das equipes, de forma presencial e on-line.

A ação também conta com a cooperação da Prefeitura de Rio Bonito do Iguaçu, por meio das áreas de Saúde, Assistência Social e Educação, com apoio da Defesa Civil municipal e estadual, de organizações comunitárias e de instituições de ensino. Ao final do trabalho, será elaborado um relatório técnico com dados dos atendimentos, principais demandas psicossociais identificadas e recomendações para o acompanhamento e a reconstrução comunitária.

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