Respiradores analisados no Paraná apresentam resultados insatisfatórios

Dos 33 fiscalizados em Guarapuava, 27 estavam irregulares, ou seja, mais de 80% precisavam de ajustes

Equipe de professores, profissionais e estudantes de engenharia tem se dedicado a pesquisar e analisar respiradores existentes no mercado. 

No campus Curitiba da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), os departamentos de Engenharia Mecânica e Engenharia Mecatrônica estão trabalhando com uma equipe multidisciplinar de docentes, graduandos e profissionais, com o objetivo de analisar respiradores – produtos hospitalares essenciais neste contexto de Covid-19.

De acordo com um dos coordenadores do projeto, professor de Engenharia Mecânica Celso Salamon, respiradores que atendem às várias e sutis demandas de um ciclo respiratório são produtos “mecatrônicos complexos”, compostos por uma parte mecânica, controles eletrônicos e software integrados com alto nível de sofisticação e com possibilidade de vários modos de ciclo, permitindo a adaptação às condições específicas de cada paciente.

Nesse sentido o coordenador avalia que boa parte dos produtos e projetos de respiradores analisados pelo grupo tem apresentado resultados insatisfatórios.

“Infelizmente verifica-se que boa parte das supostas soluções que proliferam nas mídias digitais não demonstram de forma clara critérios técnico-científicos que expliquem sua aplicação.

Não apresentam, por exemplo, valores de pressão de inspiração e pressão de expiração, detalhes das compatibilidades dos materiais com a aplicação em questão, presença de válvula de segurança para limitar a pressão máxima em uma falha e detalhes do ciclo respiratório, bem como da possibilidade de esterilização”, explicou Salamon.

Visando contribuir com este cenário, o grupo da UTFPR focou no objetivo de atuar como fornecedor de ideias e soluções para demandas pontuais, seja para respiradores ou outras necessidades momentâneas.

Foram desenvolvidos, por exemplo, experimentos simulando parte do ciclo respiratório, fazendo uso de componentes industriais projetados para outras aplicações, componentes automotivos ou desenvolvidos por impressão 3D.

Para o gerente da regional Guarapuava do Crea-PR, Thyago Giroldo Nalim, iniciativas como esta, desenvolvidas e implementadas pelas instituições de ensino, trazem uma grande contribuição à formação dos acadêmicos.

“Possibilita ao estudante de Engenharia desenvolver uma vivência de mercado, despertando-o para a necessidade de um adequado planejamento e desenvolvimento de produtos, pois o mercado exige parametrizações e condições adequadas, a fim de garantir a eficiência e aplicabilidade, além da segurança dos usuários, tanto dos que irão operar os equipamentos, como aqueles que dependerão do mesmo para alguma atividade, seja na área da saúde, ou em qualquer outra área”, avalia o gerente.

Guarapuava – Na regional Guarapuava, o Crea-PR realizou 33 fiscalizações de manutenções e instalações de equipamentos odonto-médico-hospitalares entre janeiro de 2019 e março de 2020. Destes, 27 estavam irregulares e seis regulares, ou seja, mais de 80% precisavam de ajustes.

Desenvolvimento e manutenção de equipamentos como respiradores, bisturis eletrônicos, máquinas de tomografia, por exemplo, demandam a supervisão de um engenheiro qualificado, principalmente para monitorar os componentes eletroeletrônicos e mecânicos.

“O Conselho realiza fiscalizações desses equipamentos no sentido de garantir a eficiência, ou seja, que eles sejam adequadamente desenvolvidos e cuidados, para que não deixem os profissionais de saúde na mão. Portanto, as fiscalizações são realizadas tanto na área da manutenção como também na área de idealização, desenvolvimento e fabricação”, explicou Nalim.

Ainda conforme o gerente, entre as principais irregularidades encontradas na regional Guarapuava estão falta de registro da empresa; falta de engenheiro responsável técnico; e falta de Anotação de Responsabilidade Técnica dos serviços.