Guarapuava inicia os 16 Dias de Ativismo Contra a Violência de Gênero

Com direito a Blitz educativa, este é o terceiro ano consecutivo que o município integra essa campanha

No último sábado (25), Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, uma ação conjunta foi realizada no Bairro Vila Bela. Com a colaboração da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (Setran), Procuradoria da Mulher, Núcleo Maria da Penha (Numape) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a SPPM promoveu uma “blitz informativa”, com entrega de panfletos para os motoristas e conversa com os pedestres. Esta ação ocorre dois meses depois de uma mulher ser morta por feminicídio no bairro.

“Decidimos realizar esta ação hoje, aqui no bairro Vila Bela, porque o último caso de feminicídio na cidade ocorreu neste local. Nos organizamos em conjunto com toda a rede de enfrentamento à violência para estender nosso apoio a todas as mulheres do bairro. Queremos mostrar que é possível romper o ciclo da violência e que existem recursos de assistência disponíveis”, ressaltou a secretária da SPPM, Priscila Schran.

De acordo com Priscila, em um levantamento realizado pela Pasta, foi constatado que na maioria dos casos de feminicídio dos últimos cinco anos na cidade, não havia medida protetiva registrada.

“Nenhum desses casos contava com esse tipo de precaução, indicando a falta de uma conexão efetiva com a rede de apoio. Percebemos, assim, que a proximidade com essa rede é essencial para combater esse crime considerado evitável. O feminicídio é classificado como uma morte que poderia ser prevenida, e queremos transmitir informações precisas para que as mulheres saibam que é possível interromper esse ciclo de violência”, reiterou a secretária.

Cidade conta com órgãos de acolhimento e prevenção

Durante a ação, que ocorreu na Avenida Turíbio Gomes, foram entregues diversos panfletos informativos sobre os tipos de violência doméstica e também acerca dos serviços que a rede de enfrentamento oferece para as mulheres em situação de violência de gênero. A cidade conta com órgãos que realizam esse trabalho, mas que muitas vezes carecem de divulgação para chegar até quem precise dessa ajuda – um dos objetivos desta blitz.

À frente da Procuradoria da Mulher, a vereadora Bruna Spitzner reforçou o papel do poder público na defesa dos direitos das mulheres.

“A Câmara desempenha um papel essencial no combate à violência contra as mulheres, sendo crucial na transformação das políticas públicas existentes em leis concretas, tanto as já implementadas quanto aquelas que ainda podemos introduzir em Guarapuava. Desde 2021, participamos ativamente das ações dos 16 Dias de Ativismo, um período emblemático e simbólico, destacando também a relevância da atuação da Procuradoria da Mulher aqui em Guarapuava.

Nossa cidade possui uma rede de enfrentamento solidamente consolidada, sendo extremamente atuante. No entanto, é crucial expandir essa rede para alcançar mais mulheres, especialmente em locais que podem escapar da nossa atenção no cotidiano. Por meio desse tipo de ação, conseguimos disseminar a mensagem da rede de enfrentamento e, consequentemente, atingir o maior número possível de mulheres”, discorreu Bruna.

Iraneide Terto Komechi, advogada do Numape representante da Comissão das Mulheres Advogadas da OAB, destacou as maneiras pelas quais o Numape pode prestar auxílio a mulheres em situação de violência doméstica e que se encontram em condições de vulnerabilidade econômica e social.

“Oferecemos apoio psicológico e jurídico gratuito àquelas que enfrentam situações de violência doméstica e se encontram em condições de vulnerabilidade econômica ou social. Parte essencial de nossa abordagem é o eixo preventivo. Reconhecemos que a violência doméstica e familiar está enraizada em aspectos culturais de nossa sociedade.

Portanto, investimos significativamente em ações preventivas, sendo este um dos nossos principais focos. Acreditamos que esse trabalho tem o poder de reduzir os índices de violência em nossa sociedade, atuando diretamente nas raízes desse problema cultural”, explicou.

O feminicídio deixa marcas em todos

Morta pelo próprio namorado no dia 23 de setembro deste ano, a cabeleireira Terezinha Aparecida Portela Pires, de 50 anos, é mais uma a integrar a triste estatística de feminicídios no Brasil. Uma vida tirada pelas mãos de alguém que, em razão do seu gênero, achou que tinha o direito de fazer o que fez. Casos assim são lembretes que a violência de gênero está mais próxima do que costumamos imaginar.

Marilda Caster, amiga próxima de Terezinha, foi uma das mulheres que estava passando pela Avenida Turíbio Gomes no sábado e se deparou com a blitz informativa. Impactada pela situação, ela ressaltou a importância de ações de enfrentamento como esta, que poderiam ter salvado a vida de sua amiga.

“Faz dois meses que perdi uma amiga minha por feminicídio. Sinto muito. É uma dor muito grande, e eu espero que isso ajude a melhorar a situação. Não tem como continuar assim”, comentou Marilda.

Canais de obtenção de ajuda

O CRAM, que é o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, é o setor que faz a articulação entre todos esses órgãos. Se você é uma mulher em situação de violência, ou conhece uma mulher que esteja passando por isso, pode entrar em contato pelos seguintes canais:

Telefone: 42 3142-1159
Telefone celular: 42 98405-6206

Você ainda pode contar com a Central de Atendimento à Mulher, discando 180, a Polícia Militar (190), a Polícia Civil (42 3623-2112) e a Delegacia da Mulher (42 3630-1730 ou 197).

A sede do Numape Guarapuava se situa na Sala 119, do bloco E, da Unicentro – Câmpus Santa Cruz.

As atividades dos 16 Dias de Ativismo Contra a Violência de Gênero em Guarapuava continuam até o dia 11 de dezembro. A programação completa pode ser coonferida clicando AQUI.