Folgados do busão: mochila nas costas, respeito no chão

Situação que se repete todo dia no transporte coletivo, de Guarapuava, principalmente em horários de pico

Não bastassem as péssimas condições do transporte coletivo (como falta de respeito com gestantes, idosos, e pessoas com problemas de locomoção, falta de espaço e horários) além do alto preço, o desrespeito com os outros é um agravante. Portar mochila nas costas dentro do ônibus atrapalha os passageiros, porém, é um hábito muito comum, não só em Guarapuava, como em qualquer parte do Brasil.

Essa prática está entre as principais reclamações dos usuários guarapuavanos. Éverly Sousa, que precisa utilizar o transporte todos os dias, conta que é preciso brigar, literalmente, por espaço. “Dá vontade de matar uma peste ruim dessas. Meu, o cara tá vendo que o busão tá lotado e quer passar com aqueles mochilões nas costa. Tem que ter muita paciência, mas eu já xinguei várias vezes. Teve uma vez que enroscou no meu cabelo, fiquei doida. Muita raiva, mesmo”, desabafou a estudante que precisa utilizar o transporte todos os dias, de segunda a sexta-feira.

Assim como Éverly, ouvimos muitos outros passageiros que reclamam (além de outras coisas como as já citadas na reportagem) dessa situação. “Bem complicada essa situação. Eles [os estudantes] tem de ir pra escola, pra faculdade e voltar nos mesmos horários dos outros que trabalham, quer dizer, com ônibus lotado e não tiram as mochilas”, comentou o fiscal de loja João Maria. Ele disse que é “um sofrimento em dobro”.

Nossa reportagem entrou em contato com a empresa Pérola do Oeste, responsável pelo transporte urbano de passageiros, em Guarapuava, para saber seu posicionamento a respeito dessa situação, que “não é de hoje”, como bem lembram os usuários. A empresa reconhece que é este é um problema antigo e que tenta resolver fazendo campanhas de conscientização periodicamente, mas, fez questão de ressaltar que é uma questão de comportamento, e que precisa muito da colaboração dos estudantes.

A exemplo de outras cidades, como o Rio de Janeiro que enfrenta o mesmo problema, uma lei municipal, talvez, viesse a diminuir, um pouco, essa rotina tão estressante. Sobre isso, conversamos com a vereadora Professora Terezinha (PT) que se mostrou surpresa com essa realidade. A vereadora se comprometeu a estudar afundo essa questão e ver a possibilidade de propor uma lei para coibir esse tipo de ação negativa dentro do transporte coletivo.

“Essa lei seria muito importante, já que falta consciência para eles. Já que nem campanha adianta, o jeito é obrigar todo mundo a tirar a mochila das costas. Povo só aprende assim, quando é obrigado por lei, ou quando dói no bolso”, ponderou outro usuário, também “revoltado com os mochileiros do busão”.

Desse modo, com a lei, todos os ônibus poderiam colar cartazes em locais de fácil leitura com a proibição de conduzir mochilas nas costas no interior dos coletivos. Em princípio, essa determinação é de que o aviso esteja nas portas de embarque, no vidro direito superior com vista para o exterior de todos os coletivos das linhas, como aconselham especialistas.