Atrás do arranha céu, tem um céu

O crescimento vertical das cidades representa muito mais que geografia, é o desenvolvimento urbano estampado em concreto no município em um céu de esperança e economia aquecida


Quando escreveu Maracatu Atômico, Chico Science criticava o desenvolvimento alarmante das cidades. Mas, nesse caso, estamos longe de sermos cobertos pelas sombras de arranha céus com centenas de andares. Enquanto nas metrópoles, os empreendimentos tomam conta de cada pequeno espaço livre disponível, aqui ainda é tempo de comemorar. Se até então o município apresentava tímidos prédios, basta andar por Guarapuava para perceber o crescimento vertical vivido nos últimos anos.

A verticalização das cidades é um processo sem volta, consequência natural da urbanização, mas em tempos de recessão, não é tão comum ouvir o som das betoneiras. Aqui é diferente. Seja na rua XV ou nos bairros guarapuavanos, tem gente batendo concreto. Além de representar a geração de emprego e renda, é sinônimo de economia acelerada.

Mercado aquecido

Geração de emprego e renda e novos ares para o município. A verticalização vivida por Guarapuava inaugura um bom momento principalmente para as empresas construtoras. Marcos Kogut é corretor de imóveis. Atualmente, a sua empresa está comercializando sete empreendimentos com até 18 andares. De acordo com Marcos, o mercado sempre esteve aquecido, mas o desenvolvimento de Guarapuava manteve o bom momento, mesmo em meio a crise. “Vivemos uma fase diferente do resto do país. As novas empresas e cursos universitários que chegaram no município, consolidaram esse bom momento na comercialização de apartamentos”, explicou o corretor.

De acordo com Marcos, Guarapuava levou mais tempo para se desenvolver no ramo devido a grande extensão do município e pouco investimento. Mas agora é momento de comemorar. “Comparado à outros lugares Guarapuava tem uma imensa extensão territorial. Então, não existia uma grande demanda de apartamentos. Mas atualmente com o crescimento econômico do município, o mercado também está em alta e a previsão futura é que seja cada vez melhor”, conclui.

Geração de emprego

Por falar em economia aquecida, não se pode esquecer da mão de obra que fomenta esse setor. A construção civil, que é a atividade mais importante do país, atualmente está funcionando a pleno vapor. E em Guarapuava não é diferente.

O mestre de obras José Rodrigues de Oliveira é natural de Laranjeiras do Sul. Durante os quase 27 anos de estrada, precisou percorrer o país para trabalhar na área. Mas agora, com as novas construções em Guarapuava, poderá ficar mais perto da família. “Além de ter uma boa remuneração, não fico tão longe de casa. Todo fim de semana posso ir para Laranjeiras. Também sei de colegas que viajaram para Santa Catarina, Goiás e outros estados, e que hoje podem voltar para a região para trabalhar”, comemora o construtor civil.

Guarapuava

A arquiteta Larissa Hauagge projeta espaços em Guarapuava há 8 anos. De acordo com ela, embora o município tenha apresentado desenvolvimento significativo, principalmente na crise, ainda existe um imenso potencial a ser explorado. “A cidade é a segunda maior em extensão no Paraná e, por isso, não existe grande necessidade de verticalização, diferente de metrópoles como São Paulo, onde não há mais espaço para acomodar casas”, explica ela.

Apesar de tudo, ela afirma que o crescimento existe. “Em comparação com outros municípios como Ponta Grossa, Cascavel e Foz do Iguaçu, Guarapuava ainda caminha a passos lentos. Mas por diversos fatores. Porém, há uma tendência de crescimento”, explanou a arquiteta, citando que os imóveis no município são mais baratos que de outras cidades. “O exemplo que Guarapuava não foi tão prejudicada pela crise, principalmente nesse setor, é que os imóveis aqui não sofreram alarme de preços. O valor do imóvel permaneceu estável. Isso é um bom sinal”, conclui Larissa.

Investimentos

De acordo com o Secretário de Habitação e Urbanismo, Flávio Alexandre, a verticalização é a resposta de um processo de crescimento vivido por Guarapuava. “Quando investimos em pavimentação, os terrenos são valorizados. Nesse sentido, começa valer a pena comprar um apartamento ou pensar em construir um prédio para alugar. Também, o município, cada dia mais, torna-se um pólo universitário, estudantes e professores vêm de fora e optam por morar nesses locais. E não somente por isso, as empresas construtoras estão acreditando mais na nossa cidade. Se até algum tempo não tínhamos empresas de Guarapuava construindo prédios, hoje temos várias surgindo”, afirmou o secretário.