Pacientes com Alzheimer estão ‘Rememorando Histórias’ no Centro de Artes de Guarapuava

Em um trabalho voluntário, pessoas assistidas pela AEPAPA foram fotografadas

Em um belíssimo trabalho, voluntário, da fotógrafa Dani Leela, portadores de Alzheimer, atendidos pela Associação de Estudos, Pesquisas e Auxílio as Pessoas com Alzheimer (AEPAPA), foram fotografados e embelezam o Centro de Artes Iracema Trinco Ribeiro. A exposição das fotos fica até o fim do mês, e vale muito a pena prestigiar.

Segundo a fisioterapeuta da instituição, Débora Neuls, uma das organizadoras da mostra, em todas as oficinas, nas atividades que fazem todas as sextas, os pacientes estão lembrando da vida deles, mas, somente, o que aconteceu no passado.

Foi a partir daí que surgiu o tema: Rememorando Histórias – tema da exposição. Eles contam como que foi a história com a família, a infância, onde moravam, o que faziam. Dificilmente eles contam o que está acontecendo agora, hoje. Sempre são lembranças. Então, foi por isso que esse nome foi escolhido, disse Débora. Para a recém chegada à AEPAPA, o trabalho é de muito aprendizado, de muita experiência. É muito importante esse trabalho artesanal, tanto da parte motora quanto da parte cognitiva, e até emocional, explicou Débora, que emendou:

Pra mim está sendo muito importante, de muito aprendizado, de muita experiência. Faz um mês que eu comecei e estou muito feliz, tô aprendendo muito, principalmente, com esse trabalho interdisciplinar, que tem a pedagoga, psicóloga, assistente social. Então, não fica apenas na área da saúde especificamente, a gente tem essa parte social também, que é uma coisa que eu não tive contato na faculdade, e que estou conhecendo agora. 

Para Débora, é muito importante que os assistidos possam ser inseridos no convívio social, porque eles ficam muito isolados, devido a doença. Às vezes, é muito simples o que a gente faz, mas para eles têm uma dimensão muito grande. Então, é muito importante estar fazendo essas atividades e convivendo com outras pessoas que passam pelas mesmas coisas, declarou.

Trabalho voluntário – Já para Dani Leela, que de forma voluntária fotografou os pacientes, essa vivência junto a AEPAPA trouxe fortes reflexões sobre a vida, as memória e, principalmente, sobre o amor. Em especial o amor de quem cuida, de quem dá suporte, de quem não espera retorno.

Percebi como cuidar do cuidador de pessoas com Alzheimer é algo essencial, como é importante reconhecer sua humanidades, respeitar seu aprendizado e acolher. Minha admiração a todos esses que são mãos aos outros nessa vida. Aprendi que preservar a dignidade da pessoa com Alzheimer diz sobre a prática do respeito, humildade, e de profundo amor humano, relatou Dani.

A fotógrafa deixou algumas perguntas, pertinentes, no ar: o que nos move quando nos despedimos, lentamente, de nossas memórias? O que nos une? O que pulsa além de todas as memórias e histórias? O que é essencial em nossa vida quando estamos empoderados de todas as nossas capacidades? Quem somos nós em essência?