A promoção da produção agrária que valoriza o presente e o futuro foi foco de discussões durante a décima sexta edição do WinterShow

Dando continuidade a série de três reportagens falando do Wintershow 2019, promovida pela Cooperativa Agrária e a FAPA, nesta edição estamos abordando a Sustentabilidade no Agronegócio. As reportagens foram produzidas pelos acadêmicos do Curso de Jornalismo da Unicentro, Matheus Buongermino, André Frutuoso e Fábio Forni.

   Um conceito tem sido central nas discussões sobre o agronegócio: a sustentabilidade. A noção que o desenvolvimento precisa trazer retorno não somente momentâneo, mas criar condições ambientais, econômicas e sociais para que as vantagens também sejam observadas a longo prazo, esteve presente nas palestras técnicas e painéis do WinterShow 2019. O Evento voltado aos cereais de inverno no mês de outubro, entre os dias, 15 e 17 de outubro, na sede da FAPA, a Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária.

O desenvolvimento sustentável é uma preocupação da própria Cooperativa Agrária ao atender seus clientes, lembra o coordenador da FAPA, Márcio Mourão. Ele explica, por exemplo, que a produção dos cereais que são tema do evento precisa atender normas internacionais sobre essa questão. Nossas culturas de inverno, o trigo e a cevada, são voltados ao sustentável. A gente tem um programa de gestão de propriedade, inclusive de defensivos químicos, que atende os padrões mais rígidos da europa, conta o coordenador.

Conhecimento é a chave

Uma forma de atingir esses padrões é desenvolvendo pesquisas que auxiliam os seus cooperados, além dos diversos produtores que vêm de várias regiões do estado para o WinterShow, a conhecerem novas práticas que ajudam a prevenir e solucionar problemas, bem como melhorarem seus sistemas.

O Engenheiro Agrônomo da FAPA, Vitor Spader, esteve a frente de uma das estações de palestra técnica do evento. O profissional que apresentou sobre manejo de plantas daninhas entende que não existe nenhum negócio que possa prosperar se não for sustentável, e com o agronegócio não poderia ser diferente. Durante a sua exposição, o pesquisador procurou mostrar ferramentas que vão além do uso exclusivo de herbicidas, como a palhada, o plantio direto, a administração da própria cultura sobre as plantas não desejadas. Isso vai tornar o sistema muito mais facilitado e barato. De fato, um negócio com maior sustentabilidade e viabilidade ao longo do tempo, complementa Vitor.

Outro esforço para contribuir com a sustentabilidade durante o WinterShow foi o foco no trigo. O cereal que contou com um painel próprio, além de uma estação de palestra com o tema Retorno econômico da rotação de culturas com cereais de inverno é um aliado dos produtores rurais em busca da sustentabilidade. O pesquisador da FAPA, Juliano Almeida, referência nacional sobre o assunto, comenta que além de promover equilíbrio econômico, abatendo parte dos custos de cobertura de solo e minando a ociosidade durante o inverno, a inclusão da planta também ajuda na manutenção e revitalização do solo. Uma tendência que ocorre é o pessoal entrar muito na monocultura, principalmente na soja. Quem faz isso cultiva sem sustentabilidade, não tem reciclagem dos nutrientes, tem maior erosão, além depois de uns anos ter muito mais problemas de doenças e fungos nas raízes, esclarece o pesquisador, ressaltando a importância da palhada proveniente das safras de invernos.

A questão dos defensivos

O tema que vem ganhando notoriedade durante os últimos tempos quando se fala em negócios agroindustriais, é o uso de defensivos químicos. Quanto ao tema, Márcio Mourão argumenta que os defensivos são necessários para o negócio, mas devem ser tratados seguindo estudos e regulamentações. O químico sozinho não é o vilão, ele se torna quando mal-usado. O que tem que se lutar contra é o uso indiscriminado do químico, em momentos e volumes errados., diz o coordenador.

As preocupações com esses fatores serão levadas em conta nas pesquisas da FAPA, que se desenvolvem em dois enfoques. Um deles voltado a trabalhar com a questão biológica, já o outro visa promover o uso de produtos químico da melhor maneira, considerando doses, datas certas e fazendo o controle correto de resíduos.

Luz no fim do túnel

Outra maneira que produtores rurais têm buscado para promover práticas sustentáveis em seus negócios é a adoção de energias renováveis, principalmente a solar. Um mercado ainda pouco consolidado no país, representando menos de 1% da matriz energética, tem no homem do campo o seu principal consumidor. E os benefícios econômicos chamam a atenção, já que dependendo da rotina de produção em cada propriedade, os cortes na fatura de luz no final do mês podem chegar a 95%.

A contribuição para a questão sustentável se dá por duas formas, explica Marco Aurélio Carvalho, supervisor comercial da Ilumisol, uma empresa especializada em energia solar. Além de ser uma fonte de energia limpa, com baixos riscos e emissão de poluentes, se comparadas a energias nucleares e termelétricas, as vantagens da produção fotovoltaica, começa a chamar atenção para outras práticas que beneficiam o bolso e o planeta. É o pontapé inicial para a sustentabilidade em muitas das vezes, a partir de quando começam a usar e ver a economia, procuram novas formas para conseguir isso, constroem cisternas, por exemplo e em alguns casos adotam biogás, cita Marco.