Perde umas aí, Tite…

Por Marcio Nei Santos

No dia 1º de setembro de 2016, Tite fazia sua estreia na Seleção, vencendo por 3×0 o Equador, o que deu início a uma trajetória de oito vitórias consecutivas do Brasil, nas eliminatórias. Desempenho que fez a equipe saltar da sexta para a primeira colocação, garantindo a classificação antecipada para a Copa da Rússia. Contando com os amistosos, foram 11 jogos e 10 vitórias. Foram 29 gols marcados e, apenas, três sofridos.

Com esse retrospecto, é natural que o torcedor esteja confiante para o jogo da próxima quinta-feira (31), novamente contra o Equador, em Porto Alegre, pelo returno das eliminatórias. Mas esta “lua-de-mel” de quase um ano, entre Tite e a torcida, não traz muitas esperanças para a próxima Copa do Mundo… pelo menos para os supersticiosos…

Isso porque, historicamente, a Seleção Brasileira costuma a fazer suas melhores campanhas, exatamente, quando chega desacreditada ao torneio. E, ao contrário, decepciona quando é vista como favorita (foi assim em 2014, no Brasil, em 2006, na Alemanha, e em 1982, na Espanha).

Nas vésperas da Copa de 1958, o time vivia o “trauma de 1950” e não tinha consolidado os craques Garrincha e Pelé, que só viraram titulares no decorrer da Copa da Suécia. Depois, em 62, o time se preparou pouco, mas a base foi mantida, com 14 jogadores da Copa anterior, o que garantiu o bicampeonato, no Chile.

Em 1970, a seleção considerada a melhor da história, foi contestada. Até mesmo Pelé sofreu com críticas. Além disso, a troca no comando técnico (João Saldanha por Zagallo) deixou a torcida incerta sobre como seria o desempenho no México.

Em 1994, o Brasil o vinha mal nas eliminatórias, mas a comissão técnica, formada por Pareira e Zagallo, cedeu à pressão popular e convocou Romário. O atacante foi fundamental na partida final da eliminatória (2×0 no Uruguai) e na Copa dos Estados Unidos.

Em 2002, a situação era ainda mais caótica: naquela eliminatória foram 104 jogadores convocados e quatro técnicos. No final das contas, Felipão assumiu a vaga e apostou em Ronaldo, que vinha de contusão. Na Copa, Ronaldo voltou a brilhar e o Brasil levantou a taça pela quinta vez.

Com isso, não quero dizer que seria boa ideia criar uma crise neste período pré-copa, mas se vierem algumas derrotas e o time começar a ser “cornetado”, poderia até ser um bom sinal… Por isso: perde umas aí, Tite!