Como levar a Copa do Mundo para a escola

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A cada quatro anos, o Brasil se mobiliza em torno da Copa do Mundo de futebol masculino. Faltando menos de um mês para a edição de 2018, a ser realizada entre os dias 14 de junho e 15 de julho, na Rússia, o assunto já toma as ruas e a mídia. O mesmo acontece nas escolas, que não ficam alheias ao movimento e também já entram no clima do evento esportivo.

Nessa época, é comum que as instituições de ensino promovam iniciativas que vão da disputa de campeonatos de futsal ao estudo da cultura dos países que participam do torneio da FIFA. Em 2014, quando a competição aconteceu no Brasil, algumas escolas aproveitaram para abordar a Copa a partir de uma perspectiva política.

A Copa, é um evento mundialmente divulgado, e temos de trazer para a escola. Não por ser moda, mas por ser um movimento cultural, dando um caráter pedagógico, avalia Nevinka Tomasich, diretora pedagógica do Colégio Jardim Anália Franco.

As possibilidades trazidas pela Copa são muitas. Como o futebol faz parte do imaginário e da cultura do país, as escolas podem aproveitar a mobilização dos estudantes e criar projetos interdisciplinares que associam aspectos do esporte e do torneio a conteúdos curriculares.

Podemos enxergar o futebol como uma linguagem, analisa Osmar Moreira de Souza Júnior, professor da Universidade Federal de São Carlos ?(UFSCar). A partir dele, é possível discutir gênero, economia, relações humanas. A escola pode criar um projeto nos moldes de uma feira de ciências, uma casa aberta, com todas as disciplinas dialogando a partir dos eixos futebol e Copa do Mundo, sugere.

No Colégio Jardim Anália Franco, o projeto Copa do Mundo envolveu uma palestra sobre cultura russa, uma visita ao Museu do Futebol – localizado no estádio do Pacaembu, em São Paulo -, além do estudo de expressões futebolísticas que foram incorporadas ao vocabulário corrente.  É um momento para trazer significado para conteúdos que já estão na escola, em história, geografia, usando o gancho do futebol, diz Nevinka, diretora pedagógica da instituição.

Mas além de conectar a Copa a conteúdos curriculares, também é possível discutir temas ligados ao próprio esporte e ao torneio, como a distância entre o futebol masculino e o feminino, os desafios para que um jovem se torne jogador profissional, os aspectos econômicos da Copa do Mundo, e assim por diante.

Para o professor de história João Streapco, docente do Colégio Albert Sabin e pesquisador sobre história do futebol, essas reflexões são aplicáveis principalmente aos estudantes do ensino médio. Temos boas oportunidades de visualizar situações que podem e precisam ser discutidas em sala de aula, e que de outra maneira não seria possível.

Em educação física, o professor pode sair do lugar-comum e propor atividades que vão além da prática do futebol. Para o professor Osmar de Souza Júnior, da UFSCar, resgatar brincadeiras da cultura popular é uma boa pedida. O professor pode resgatar a cultura do futebol de botão, que já foi muito mais forte. Os alunos podem fazer uma pesquisa com pais e avós, resgatando as regras do jogo e, depois, construir as suas próprias regras, organizando um campeonato de futebol de botão ou de tampinhas, sugere o docente.

Fonte: Revista Educação