Reitor garante em entrevista que Unicentro não fechará mais suas portas

Aldo Bona diz que universidade voltou à sua rotina normal

O reitor Aldo Nelson Bona esteve em Brasília (DF), participando de ações da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais(Abruem) e, também, de uma série de reuniões buscando investimentos para a Unicentro. Antes de mais uma viagem a Brasília, ele recebeu a equipe do Extra em seu gabinete.

Extra: Foi ventilada no meio acadêmico e, até mesmo entre a comunidade a possibilidade de a Unicentro ser fechada, devido a um decreto que reduzia em, cerca de, 40% seu orçamento. Existe, ainda, alguma chance de a universidade fechar suas portas.

Reitor: A Unicentro não vai mais fechar suas portas. Eu disse que se o problema não fosse resolvido, a partir do final de abril, nós teríamos que parar nossas atividades, por causa de um corte orçamentário que estava programado para acontecer e que não acontecerá.

O decreto, de sete (7) de fevereiro, que fazia essa redução orçamentária, foi revogado, e a Unicentro mantem seu orçamento normal, aprovado na LOA de 2014. [Portanto] Não há mais o risco de fecharmos as portas.

Extra: O senhor esteve, recentemente, em Brasília, juntamente com o deputado federal Sandro Alex (PPS), e voltou, de lá, trazendo na bagagem, a importante quantia de quatro (4) milhões de reais. Que participação o deputado teve na liberação dessa verba?

Reitor: Na verdade o federal, Sandro Alex, propôs emendas orçamentárias em favor da Unicentro. Foram liberados, em 2012 um (1) milhão de reais, em 2013 mais um (1) milhão de reais e para 2014 mais 500 mil reais. Especificamente a questão que estivemos tratando em Brasília era a respeito das verbas de 2012 e de 2013.

EXTRA: Esse dinheiro já tem destino certo?

REITOR: [Tem] Um (1) milhão de reais, da verba de 2012,era destinado para a construção da biblioteca de Irati, porém, o valor total da obra é de, aproximadamente, três (3) milhões. Nós conseguimos, juntamente com o deputado Alex, uma suplementação dessa verba.

A emenda de um (1) milhão de reais passou, então, para três (3) milhões de reais. A emenda de um milhão de 2013 foi mantida. Então temos uma verba de 4 milhões. Transformamos dois (2) milhões em quatro(4) milhões.

EXTRA:Professor,a comunidade estudantil está em polvorosa. Bastante insatisfeita com alguns posicionamentos da universidade. Um dos principais alvos das reivindicações é o restaurante universitário. O governador veio, ouviu os estudantes, aceitou a proposta dos acadêmicos e depois voltou atrás. Como fica essa questão? O RU será estatizado?

REITOR: Essa questão dorestaurante não é matéria vencida. O governador não voltou atrás, assim, dizendo esqueça o projeto. O fato é que nós sabemos, a imprensa acompanha isso de perto, principalmente no segundo semestre do ano passado, algumas dificuldades [financeira] muito grandes enfrentadas pelo governo do Estado.

Então, muita coisa ficou parada por conta dessas dificuldades. Porém, a discussão, em torno do restaurante universitário, continua. Não é um assunto que tenha sido arquivado ou esquecido no governo do Estado.

EXTRA: O compromisso…

REITOR:O governador assumiu o compromisso e pediu que nós caminhássemos para resolver esse assunto. Incumbiu o secretário Cezar Silvestri de dar andamento a isso. O assunto, volto a dizer, continua sendo tratado. A nossa expectativa é de que a gente consiga avançar com esse projeto do restaurante e atender a reivindicação dos estudantes.

EXTRA: O senhor disse que não é só pela reivindicação dos estudantes, mas, também, por um desejo da própria universidade a reabertura do RU. Achamada estatizaçãoé um desejo dos dois lados?  Foi por isso que o senhor foi buscar recursos junto ao governo federal?

REITOR: Eu abri uma frente diferente de discussão, como governo federal, a esse respeito. Eu acredito que para 2015 nós tenhamos um montante de recursos do governo federal para assistência estudantil, podendo, inclusive, comprometer esses recursos com aquilo que os estudantes caracterizam como a estatização do restaurante universitário.

A gente pode, por uma outra via, fazer com que a gestão do restaurante universitário seja, plenamente, da universidade, e que o custo da refeição seja compatível com os demais restaurantes das outras universidades Estado.

EXTRA: Essas ações só para o ano que vem. Para este ano, o que os estudantes podem esperar? O que há de concreto para a comunidade acadêmica?

REITOR:De concreto, por parte do governo do Estado, é a manutenção do subsídio de alimentação, que não atende a todos, mas que é uma ação de apoio do governo do Estado, e que será mantido, para este ano. Infelizmente não atende todo mundo.

EXTRA: Outra reclamação dos estudantes é, exatamente, a sobre isso. Por que ocorre?

REITOR: A gente reconhece isso, mas atende o que nos é possível, no momento. Quer dizer, a gente está trabalhando com o recurso que é possível.

Agora, eu sou otimista de que a gente consiga, ao longo deste ano, resolver, preparar o projeto do restaurante universitário para operação a partir de 2015.

Não posso prometer porque não depende de mim, mas sou otimista em relação à possibilidade de nós fazermos, este ano, o que não pudemos fazer no ano passado, que é o encaminhamento desse projeto para a solução do problema do restaurante. Não posso prometer, mas posso garantir que vou trabalhar para que isso aconteça. Sou otimista.

EXTRA: Voltando ao assunto do subsídio alimentar, por que, ao contrário do ano passado, pouca gente foi contemplada? Existem casos em que há dois alunos, nas mesmas condições socioeconômicas, e um ganhou o outro não. Aluno que necessita e deixou de ganhar. Enquanto quem não precisa ganhou. Por que existe essa situação? Quais os critérios?

REITOR: No ano passado, nós conseguimos atender, aproximadamente, 2000 estudantes. Este ano, nós estamos atendendo 1300 [devido à crise financeira do governo]. Essa diferença, entre o número de atendidos no ano passado e o número de atendidos este ano, já explica [porque um foi contemplado e outro, na mesma situação, não].

Estamos atendendo, este ano, seiscentos alunos a menos do que no ano passado. Porém, estamos trabalhando para ampliar os recursos para esse subsídio, com isso, novamente, o número de contemplados será maior.

EXTRA: Quais os critérios adotados para a seleção dos alunos contemplados?

REITOR: Os critérios são de um sistema informatizado, discutido com o auxílio do pessoal do serviço social, que trabalha nessa área de carência. O sistema trabalha com as informações prestadas pelo aluno. A partir do momento da inscrição, o sistema vai estabelecendo, automaticamente, a pontuação. Foram contemplados os primeiros 1300 pontuados.

EXTRA: Então, se há alunos, que não precisam, contemplados com o benefício, não tem como o sistema saber. Nesse caso, se houve má fé, o sistema não consegue identificar….

REITOR:Isso mesmo. Para identificar [e corrigir a falha] teríamos que verificar aluno por aluno, e isso seria, praticamente, impossível. Seria possível, somente, analisarmos os casos, que você mencionou, por exemplo,mediante denúncia.

Caso algum aluno seja denunciado, nós iremos verificar, e, se os dados postos no sistema não forem reais, ele será excluído e responderá, administrativamente, por essa informação [errada] prestada.

EXTRA: O aluno tem acesso a essas informações?

REITOR:Nós disponibilizamos, pela internet, para cada um, o acesso aos seus dados, qual foi sua pontuação, qual é a sua classificação, qual é a sua realidade no sistema.

Então, cada estudante tem condição, o contemplado e o não contemplado, de saber qual é a sua pontuação, como ele ficou em relação à pontuação dos contemplados e qual é sua posição no escalonamento dos 2900 inscritos.

EXTRA: Para os novos benefícios, que serão ofertados, haverá alguma mudança no sistema?

REITOR: O nosso desejo é de que não haja a próxima oferta desse benefício. Que não seja necessária uma nova oferta. Nosso desejo é de que possamos tocar nosso restaurante universitário. Que todos os estudantes sejam atendidos com a mesma refeição e com o mesmo custo. No entanto, enquanto isso não acontece, nós faremos o possível para contemplar o maior número de alunos.

EXTRA: Divulgar os critérios utilizados, para a seleção dos contemplados, não seria uma forma de dar maior transparência ao processo? Isso seria possível?

REITOR: Isso é possível. Não foi feito porque a comissão gestora [que é composta por três estudantes, três professores e pelo vice-reitor] decidiu não colocar qual é o peso de cada quesito para evitar que o aluno fraudasse o processo. Não é má vontade nossa.

Aldo Bona embarca, novamente, para Brasília, na próxima semana.