Aumenta o número de casos de AIDS entre jovens em Guarapuava

 Principais afetados são de ambos os sexos, héteros e estão entre 14 e 24 anos

Os números do Serviço de Atendimento Especializado (SAE) mostram que, a cada ano, há um acréscimo no número de soropositivos, na cidade. O detalhe é que, dessa vez, quem 'encabeça' esse aumento no percentual são os mais jovens.

Em 2013 foram registrados 42 casos, e no ano passado esse número subiu para 60. A grande maioria contraiu o vírus por meio de relação sexual desprotegida. De acordo com a coordenadora do SAE, enfermeira Maria Clarice Kunkel, a falta de diálogo entre pais e filhos é um dos principais fatores que levam a esse 'comportamento de risco' dos jovens. ” O filho aprende na rua, de modo errado, o que deveria aprender em casa”, comenta.

Uma boa orientação familiar, segundo ela, já evitaria muita coisa. Para os especialistas, os jovens são muito mais vulneráveis a AIDS do que as pessoas mais velhas. Como ainda não amadureceram social, emocional e psicologicamente, tendem a adotar um comportamento mais arriscado, sem se dar conta do perigo.

(Foto: AF Junior/Jornal Extra) Preservativo ainda é a melhor forma de evitar a doença

Para Kunkel, essa situação é “muito cíclica”, pois, de acordo com ela, há períodos em que os grupos mais atingidos mudam. “Uma hora são os mais idosos, outra hora são as gestantes, depois os mais jovens”, diz. Segundo a enfermeira, Guarapuava não é diferente de outras cidades, e, aqui, existe AIDS como em todo lugar do Brasil, e em todas as faixas etárias.

Entretanto, o que mais preocupa a coordenadora é a disparidade entre os números. Os casos registrados em Guarapuava estão abaixo do índice de contágio, estabelecido pelo Ministério da Saúde, que é de 1% da população. “Se Guarapuava tem 200 mil habitantes e o nosso cadastro é de 1000 soropositivos, onde está o restante”, questiona.

De acordo com Kunkel, muitas pessoa estão infectadas e não sabem, com isso, acabam contaminando, sem saber, outras pessoas. “Um paciente pode ter o vírus por até dez anos e não possuir nenhum sintoma. Como não faz a sorologia [o teste] acaba contaminando seus parceiros. Para cada soropositivo existem mais cinco pessoas infectadas pela relação sexual”, alerta.

Se hoje os jovens estão no epicentro da doença, não quer dizer que os outros devam deixar de se cuidar. Ainda segundo a enfermeira, o vírus da AIDS ataca qualquer pessoa, independente da faixa etária, cor, sexo ou religião. Para contrair o vírus basta estar desprevenido, principalmente, durante o ato sexual. É preciso despertar para a consciência de que não se pode confiar totalmente em alguém partindo da premissa de que eu confio 100% em mim e 80% no outro.

De acordo com Clarice, o tratamento para a doença hoje é eficiente e dá ao paciente uma ótima qualidade de vida. É só o paciente fazer o tratamento correto que terá uma vida normal. Hoje a AIDS é considerada uma doença crônica e tem que ser tratada sem interrupção, ressalta. A enfermeira deixa uma pergunta no ar: você já fez seu teste?

SERVIÇO – O teste de sorologia, de hepatites B e C e de sífilis são oferecidos gratuitamente pelo SAE e ficam prontos em 30 minutos. O SAE oferece o exame, que é precedido de aconselhamento com psicólogos, o tratamento e o acompanhamento. O SAE fica na Rua Getúlio Vargas, 1981, centro de Guarapuava – (42) 3621 4524.