Mitos e verdades sobre diabetes

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Cerca de 258 milhões de pessoas sofrem da doença no mundo todo, e ainda existe muita lenda correndo solta por aí

O diabetes é uma doença que pode se manifestar de duas formas. O diabetes tipo 1 se instala quando o pâncreas, após uma agressão do sistema imunológico, deixa de fabricar insulina. Já o diabetes tipo 2, mais comum, pode ocorrer na presença de gordura abdominal excessiva, que libera substâncias inflamatórias tóxicas e prejudiciais à ação da insulina.

De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), 285 milhões de pessoas sofrem da doença, no mundo todo. Para boa parte das pessoas, no entanto, o diabetes ainda é um mal envolto em mitos, verdades e meias verdades. O endocrinologista Lineu Domingos Carletto Junior esclareceu algumas dessas dúvidas.

A aplicação de insulina causa dependência química?

Dr. Lineu – Não. A insulina, na verdade, nada mais é do que uma reposição de um hormônio. O grande problema do diabetes é que o organismo, ao longo do tempo, não consegue mais estimular o pâncreas a produzir insulina só com os medicamentos via oral. A aplicação o ajuda a repor.  A insulina é apenas uma fase do tratamento do diabetes, e não causa dependência de maneira nenhuma.

Todo diabético é obeso?

Dr. Lineu – Nem sempre. É importante observar que existem dois tipos de diabetes, o tipo 1 e o tipo 2. O tipo 1 é aquele  que necessita de insulina desde o começo da doença, pois sua produção é insuficiente. Esse diabetes acomete pessoas jovens, e não tem relação nenhuma com o peso. Já no diabetes tipo 2, observa-se a obesidade como um dos fatores que desencadeiam a doença. A obesidade leva o organismo à ter uma resistência à insulina. Então é muito comum que o diabético tipo 2 seja obeso, mas não se pode generalizar,  pois existem diabéticos tipo 2 que são magros, cujo organismo possui resistência à insulina por fatores genéticos.

Produtos diet e light estão liberados?

Dr. Lineu – Não. Para o diabético o melhor produto é o diet, só que é preciso tomar cuidado, pois existe o diet de gordura e o diet de açúcar. O produto diet recomendado para o diabético é aquele tem zero açúcar. Os produtos light não são obrigatoriamente livres de açúcar ou de qualquer outro nutriente, por isso não são recomendados.

Comer muito doce provoca a doença?

Dr. Lineu – Não. O comer muito doce não leva diretamente à doença, mas o comer muito doce leva a um ganho de peso, que consequentemente, através da obesidade, leva a uma chance maior de se tornar diabetes. Então, você não irá necessariamente ficar diabético por comer muito doce, mas se você ganhar peso e tiver uma prédisposição genética, se for sedentário, a chance de se tornar diabético vai ser bem maior.

A doença faz parte da velhice?

Dr. Lineu – Não necessariamente. Com o passar da idade, o pâncreas tende a ficar mais cansado, sofre um envelhecimento natural. Então, conforme o indivíduo vai ficando mais velho, aumenta-se a chance dele se tornar diabético. Porém, existem diabéticos de todas as idades, já que a doença depende também da prédisposição genética e dos hábitos alimentares do indivíduo.

Diabéticos não podem beber álcool?

Dr. Lineu – Não devem. A bebida alcoólica geralmente é uma bebida calórica, pois o álcool se transforma em açúcar. O diabético precisa ter esse cuidado. De preferência não devem consumir álcool, mas se consumir, então que seja em quantidades pequenas, com moderação, para que não haja grandes níveis de açúcar no sangue.

Mulheres diabéticas não podem engravidar?

Dr. Lineu – As diabéticas podem engravidar sim, mas é importante que a doença esteja bem controlada, para que durante a gestação não haja complicações. Geralmente essa preocupação é com pessoas que apresentam diabetes tipo 1, que são mais jovens. As diabéticas tipo 2 em sua maioria têm mais de 40 anos, e já passaram da fase de engravidar. O diabetes tipo 1, na gravidez, aumenta o risco de retinopatia (lesão dos olhos e dos rins que acometem em diabéticos). Então se o diabetes dessa paciente não for um diabetes controlado, aumenta-se o risco de piorar uma lesão visual, e uma lesão renal que ela já tenha. O ideal para que uma diabética engravide é que ela tenha total controle da doença, para que ao engravidar esses riscos sejam muito pequenos, ou dentro do normal.