A saúde que vem do saneamento

Nos últimos seis anos, o atendimento da rede coletora de esgoto chegou a 71% das casas paranaenses

 

Metade da população brasileira mora em casas que não têm serviço de coleta de esgoto. Em números: são 102 milhões de pessoas vivendo em um ambiente que pode deflagrar doenças e até a morte por causa da contaminação dos dejetos, que causam diarreia e verminoses, entre outras enfermidades.

Este era um risco que, de certa forma, até pouco tempo a dona Karolina Frey Ziasch e sua família correram. Ela mora na capital do Paraná, no bairro Xaxim, mas ficou esperando 54 anos para ver a ligação de esgoto feita na frente da sua casa, pelo simples fato de que a rede passava acima do nível da sua casa. Com o problema resolvido, conta que neste tempo todo teve de construir cinco fossas e um poço morto, além de gastar por ter de chamar o caminhão limpa-fossas de vez em quando. Estamos livres do problema – e sem risco de adoecer, diz aliviada.

Esgoto a céu aberto e correndo pelas ruas é uma triste realidade brasileira. Além disso, quase metade do que é coletado não recebe tratamento. Uma explicação para o descaso, entre tantos outros, pode se resumir na velha máxima de que canos enterrados não rendem votos. Mas a falta de prevenção à saúde atulha de enfermos os precários centros de saúde das cidades, principalmente no interior – e isso, para seguir a linha de raciocínio, tira votos de quem é responsável por cuidar da população.

O Paraná tem 100% das residências das áreas urbanas servidas por água tratada. Nos últimos seis anos o atendimento da rede coletora de esgoto chegou a 71% das casas paranaenses. Ou seja, mais 813 mil imóveis foram integrados ao sistema de esgoto operado pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Todo esgoto recolhido das 2,6 milhões de residências é tratado. O ideal é colocar o serviço na totalidade das casas, mas já é um grande salto que faz o Estado se destacar dentro do triste panorama brasileiro.

Esta é a constatação do estudo feito regularmente pelo Instituto Trata Brasil comprova. Entre as onze cidades com melhor saneamento do país, cinco são do Paraná: Maringá, Ponta Grossa, Cascavel, Londrina e Curitiba, sendo esta a melhor entre as capitais. Para se chegar a este nível, o investimento da Sanepar foi de R$ 4 bilhões – e até o fim de 2018 estão previstos mais R$ 1,5 bilhão.

Quem paga? Os próprios clientes através da tarifa arrecadada. Hoje, o Paraná tem 33.242 quilômetros de rede coletora que passam por 239 estações de tratamento. Ali, foram feitas 45 mil análises até agora para garantir que o que resulta do esgoto tratado volte ao meio ambiente de forma ecologicamente perfeita. É o que merecem também os 100 milhões de brasileiros sujeitos que estão muito distantes desta realidade.