We Can Do It!

Apesar do cargo máximo da República ter sido ocupado por uma mulher, a participação feminina brasileira nas esferas do poder ainda é baixa. Em um ranking que avalia a penetração política por gêneros em 146 países, preparado pela União Interparlamentar, o Brasil ocupa o modesto 110º lugar, atrás de nações como Togo, Eslovênia e Serra Leoa.

A participação feminina na política tem apresentado um pequeno avanço nos últimos anos sim, mas de acordo com pesquisa realizada e divulgada pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), atualmente as Câmaras municipais contam com o total de 7.782 vereadoras, eleitas em 2012. Nas eleições de 2008, 6.450 mulheres se elegeram para ocupar cargos correspondentes.

Nas prefeituras do País, a participação é simbolizada por 672 mulheres, também eleitas em 2012. Essa representação é 33% maior quando comparada com o registro de 2008, que contabilizou 507 prefeitas.

Apesar do número apresentar uma evolução positiva, para o cenário que é composto em sua maioria por homens, a participação das mulheres em cargos eletivos ainda é considerada insuficiente.

Ainda segundo o levantamento da SPM, as 7.782 vereadoras brasileiras, contabilizadas recentemente, representam 13,5% do total dos cargos correspondentes nas câmaras municipais. A parcela masculina é de 49.825 integrantes, 86,5% do núcleo analisado.

De acordo com a pesquisadora de gênero e coordenadora do instituto de pesquisa aplicada da mulher, Tânia Fontenele, os dados apontam de maneira clara que as mulheres estão sub-representadas em todos os níveis da política no País. Não podemos negar que há esforços para mudar esse cenário de baixa representatividade. Mas, lamentavelmente, a atuação das mulheres em cargos eletivos ainda é muito baixa.”

Entre as eleições de 2008 e 2012, o número de candidaturas femininas para as 5.568 câmaras municipais saltou de 72.476 para 133.864, crescimento de 84,5%. No entanto, esse aumento não fez com que mais mulheres se tornassem vereadoras, aponta o estudo. Em 2008, 8,9% das concorrentes se elegeram para as câmaras municipais. Em 2012, o percentual caiu para 5,7%.

No Congresso Nacional, a participação das mulheres também está abaixo do esperado. No Senado, a representação feminina atualmente é de 12 senadoras entre os 81 eleitos para a Casa Legislativa. Já na Câmara dos Deputados, elas ocupam 50 cadeiras no universo de 512 parlamentares.

De acordo com a deputada Cristina Silvestri, o baixo número é um indício de que há necessidade de atenção para esta parcela considerável da população, mas não apenas por meio da participação, como também do voto. Nós mulheres devemos ir à luta não apenas nos candidatando. Para ajudar a construir um Brasil mais igualitário, é necessário participar da política efetivando essa representação nas urnas, afirmou a parlamentar.

Só depende delas

A cada 10 candidatos das eleições de 2016, apenas três são mulheres, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A proporção não evoluiu desde as últimas eleições municipais, em 2012 — em que 31,5% dos candidatos eram mulheres — e continua abaixo da média da população brasileira. No país, a cada 10 pessoas, cinco são do sexo feminino.

Eva Schran de Lima, atual vice-prefeita e secretária de Políticas Públicas para as Mulheres de Guarapuava é representante dessa luta. De acordo com ela, embora os números sejam baixos, o Brasil está melhorando este cenário. É importante ressaltar que, mesmo ainda que tímida, a presença cada vez maior de candidatas é algo fundamental para o fortalecimento da democracia. Afinal, a representatividade feminina é extremamente necessária, quando se pensa nas lutas e nos direitos das mulheres em um contexto no qual ainda há muito preconceito, exclusão e violência contra elas, afirmou Eva.

Pensando em corroborar com este cenário, nas eleições deste ano a empresária Vanderleia Chizini da Fonseca Bochenek, a Vandeca, de Guarapuava, aceitou o desafio do pleito. Vandeca lembrou que, num país com 51% da população constituída por mulheres, é inadmissível uma câmara municipal com apenas duas representantes. A democracia só será plena se tivermos uma maior participação de mulheres nos cargos de decisão, até porque as mulheres são maioria no país. Em Guarapuava, o número de mulheres disputando as eleições teve acréscimo neste ano e isso nos alegra muito.