Cadeião registra nova fuga de presos

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Setor policial denuncia situação insustentável, sendo um estopim preste a explodir, com a superlotação das cadeias públicas em Guarapuava e no Paraná

Nos feriados de final de ano foram registradas 15 fugas de cadeias públicas do Estado. Atualmente são cerca de dez mil aprisionados, que estão sob custódia da Justiça em 178 carceragens, num espaço com capacidade para abrigar 4,5 mil pessoas. A quantidade de fugas e uma situação aparentemente fora de controle obrigou a Associação dos Delegados de Polícia (Adepol), a formalizar uma denúncia contra o Governo do Estado, na Corte Internacional de Justiça. Pela superlotação, instalações precárias e a falta de servidores. De acordo com a diretora da Adepol, Lívia Pini, a situação se tornou insustentável e se faz necessário medidas urgentes a fim de evitar mortes, novas fugas e rebeliões. Os órgãos de Defensoria Pública e o Ministério Público, também estão solicitação medidas urgentes dos governos estadual e federal. Nas festas da virada do ano ocorreram fugas nas carceragens de Curitiba, Almirante Tamandaré, Guarapuava e Prudentópolis. Também ocorreu evasão na penitenciária de Cruzeiro do Oeste. A Cadeia Pública de Londrina é a que mais tem pessoas aprisionadas, conta atualmente com 2,4 mil detentos.

Na foto um túnel cavado pelos detentos na Cadeia Pública de Guarapuava

Cadeião de Guarapuava 

A Cadeia Pública de Guarapuava, 14ª DP registrou mais uma fuga no sábado dia 30 de dezembro. Cerca de dez presos cavaram um buraco próximo da carceragem e evadiram-se do local. Após a equipe de plantão perceber que havia movimentação estranha acionou reforço policial, com acompanhamento tático onde foram recapturados dois dos foragidos. Atualmente a cadeia abriga cerca de 340 detentos, para uma capacidade de 160 aglutinados. O atual presidente da Adepol, delegado João Ricardo Képes Noronha, disse em entrevista à imprensa, que atual situação fere a Constituição Federal, pelo fato que desvia o policial civil da principal função dele, que é fazer a investigação criminal de campo. Pelo baixo efetivo policial ele acaba tendo que fazer a vigilância constante dos presos.

Constantes fugas

As constantes fugas e rebeliões vêm tirando o sossego de moradores na área central de Guarapuava. Nos últimos seis meses, cerca de mil criminosos fugiram das carceragens paranaense. Temos os presos amontoados numa situação sub-humana. Além de estarem oferecendo risco à sociedade porque as delegacias de polícia se localizam nos centros urbanos, reiterou o Delegado Noronha. As fugas também ocorreram nas alas femininas. No sábado (30), foram registradas a fuga de 17 presas do 8º distrito policial. As detentas teriam rendido o policial de plantão quando ele teria ido fazer a distribuição de marmitas nas celas.

Manifestação

Nas varreduras de celas a polícia tem encontrado drogas, celulares e ferramentas artesanais

Em nota a Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná, a direção da Polícia Civil e do Departamento de Execução Penal (Depen), disse estar investigando se houve favorecimento nas fugas, praticadas pelos agentes policiais. Que em 2011 eram cerca de 14 mil pessoas presas nas delegacias e que atualmente são cerca de 9,5 mil. Que o governo vem adotando algumas medidas urgentes para reduzir a quantidade de pessoas nesses espaços, com a construção e ampliação de presídios. Que deverá abrigar ainda neste ano cerca de 7 mil detentos. Também deverá ser colocado em prática o projeto da construção de celas modulares que vai abrigar 600 detentos. Outra medida foi o aumento do uso da tornezeleira eletrônica que saltou de 500 em 2015, para seis mil em 2017. Quanto a denúncia da Adepol a Corte Internacional a secretaria não quis se manifestar.