Rio Iguaçu: da nascente à Foz

FOTO. Assessoria

O maior rio do Paraná alimenta todo um ecossistema, população ribeirinha e abastece cidades que margeiam o seu percurso. Além de produzir energia elétrica para o país

Com um percurso de 1.320 km, o Iguaçu liga a Serra do Mar ao extremo Oeste do Estado, em Foz do Iguaçu, onde deságua no Rio Paraná. Dos povos Kaigangue e Guarani, os primeiros a ocupar a área de sua bacia hidrográfica, veio o nome. Iguaçu quer dizer água grande ou muita água. Somadas as áreas do Brasil e da Argentina, a bacia hidrográfica do Rio Iguaçu ocupa uma superfície de 70.800 km².

Suas nascentes estão na Serra do Mar formam inicialmente os rios Atuba e Iraí. No encontro das águas destes rios, no limite de Curitiba com São José dos Pinhais, nasce o Iguaçu. O marco zero está localizado embaixo da ponte da BR-277, no trecho que liga a capital às praias. Entre os principais afluentes do Iguaçu, estão os rios Negro, Jordão e o Chopin. O Iguaçu acompanha a história do desenvolvimento do Estado desde a chegada do desbravador espanhol Cabeza de Vaca às Cataratas, em 1542. Depois, vieram os bandeirantes e os ciclos econômicos da erva-mate e da madeira, nos séculos XIX e início do século XX, quando o Rio era navegado pelos vapores. Com o fim do ciclo da navegação, o Iguaçu se consolida como importante recurso natural para a geração de energia elétrica, onde, atualmente, cinco usinas estão instaladas.

A invisibilidade do gigante

Apesar de sua importância, pesquisadores apontam que o descaso começa na região onde nasce porque a população está de costas para ele. Nosso principal rio, em seu nascedouro, está longe dos olhos, portanto dos corações e mentes, disse o pesquisador José Álvaro da Silva Carneiro em seu livro Nascentes, Corredeiras e Cachoeiras do Alto Iguaçu. Os problemas começam com a chegada das águas poluídas de alguns de seus principais afluentes que drenam a capital paranaense, como o Belém, Atuba e Barigui. Na Região Metropolitana, o encontro com essas águas ocorre após a área de manancial.

Para José Álvaro é preciso compreender o processo histórico que fez com que os rios urbanos fossem escondidos da população. Segundo ele, esse processo começou com o higienismo europeu, na tentativa de barrar epidemias como tifo e cólera. Segundo a gestora socioambiental da Sanepar Roselis Presznhuk a canalização dos rios urbanos provocou um distanciamento da relação das pessoas com esses recursos hídricos. O resultado é a dificuldade para revitalizar rios e córregos que passam por dentro de grandes cidades, como Curitiba. O Iguaçu sofre as consequências desta canalização.

Desafios para Curitiba e Região Metropolitana

Diante dos potenciais conflitos pelo uso da água, as ações de gerenciamento da bacia Alto Iguaçu precisam ser integradas e bem-sucedidas, segundo o gerente da Assessoria de Planejamento e Desenvolvimento Ambiental (APDA) e representante da Sanepar no Comitê de Bacia do Alto Iguaçu e Afluentes do Alto Ribeira (Coaliar), Pedro Franco. Hoje, a região abriga mais de 3 milhões de habitantes, ou seja, 76% da população que habita toda bacia do Iguaçu. Franco destaca que, hoje, ainda mantemos uma qualidade da água bruta dos mananciais compatível com o uso para o abastecimento de Curitiba e região. Nesses locais, a Sanepar mantém ações permanentes de conservação da qualidade da água. O problema da bacia do Alto Iguaçu começa a se agravar abaixo dos pontos de captação, nas regiões conurbadas. Entre os principais poluentes do Alto Iguaçu, estão esgoto doméstico, ocupações irregulares, lançamento de efluentes industriais e de lixões, destinação inadequada de resíduos e mau uso do solo pela agricultura. De acordo com o Coaliar, são necessários R$ 1,9 bilhão até 2035 para despoluir a bacia do Alto Iguaçu.

A Companhia de Abastecimento do Paraná (Sanepar) diz estar fazendo sua parte. No último ano, a empresa diz ter cumprido antecipadamente, a meta de reduzir em 15% a carga proveniente do lançamento de esgoto doméstico na bacia, conforme metas e prazos assumidos no Coaliar. Isso foi possível com a conclusão de 19 obras, com a implantação das ETEs Passaúna e Itaqui. Outras estão em andamento, entre elas melhorias na ETE Atuba Sul e na ETE Belém. Para reduzi s poluição do Rio Iguaçu, a Sanepar investiu R$ 300 milhões de 2012 a 2015 e são estimados cerca de R$ 232 milhões para serem aplicados somente em 2016.

Ações precisam tornar visível o maior rio do Estado

O Rio Iguaçu já foi objeto de várias iniciativas de revitalização. Hoje, está no centro das atenções de 11 instituições do governo do Estado, de outras 15 entidades parceiras e, ainda, das 109 prefeituras e câmaras municipais que pertencem à maior bacia hidrográfica do Paraná. Como ação articulada de governo, o Decreto 1589/2015, que entrou em vigor em junho de 2015, estabelece que a Sanepar é a responsável pela integração de uma série de ações. Entre elas, estão em desenvolvimento ações de revitalização do Rio Belém; de ampliação da coleta e tratamento do esgoto doméstico e industrial; de monitoramento das águas de rios urbanos, afluentes do Iguaçu; acompanhamento de programas estaduais como o de segurança hídrica e o de mata ciliar. Os projetos em andamento e programados trarão benefícios para os próximos 40 anos, diz o coordenador do GGRI, Mario Celso Cunha, da Diretoria do Meio Ambiente da Sanepar. Ele lembra que outros segmentos econômicos também têm responsabilidade na revitalização do Iguaçu, como a agricultura e a indústria, contumazes poluidores da bacia. O cidadão tem a responsabilidade individual de não agravar a vida do rio, principalmente não jogando lixo e mantendo a ligação de esgoto em perfeitas condições.

Segundo o presidente da Sanepar, Mounir Chaowiche, o GGRI É a voz do Rio Iguaçu. Por meio dele, estamos buscando soluções para revitalizar e preservar o nosso maior recurso hídrico e assegurar ações integradas de sustentabilidade e desenvolvimento para a bacia, destacou. O GGRI é formado por sete câmaras temáticas. Os representantes das instituições se reúnem uma vez por mês para deliberar sobre as decisões.