A sociedade só vai melhorar quando tivermos uma classe política com ética e princípios, diz Osmar Dias

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Em entrevista exclusiva aos jornais da Associação dos Diários do Interior (ADI Paraná), o ex-senador Osmar Dias reafirma sua candidatura ao governo do Paraná em 2018 e diz que a sua prioridade no momento é finalização do plano de governo que irá apresentar no próximo ano. Irei apresentar um plano que obedeça as vocações regionais através de um zoneamento das necessidades e aptidões de cada região do Paraná.

Ainda filiado ao PDT, o ex-senador também falou sobre o panorama político e disse que no momento não avalia uma mudança de partido. Tal decisão, segundo ele, será tomada apenas quando o cenário político for mais claro. Osmar recebeu convites para integrar o Podemos, do seu irmão Álvaro Dias, que é pré-candidato à Presidência da República, e também do deputado Luiz Claudio Romanelli, líder do governo na Assembleia Legislativa, para se filiar ao PSB.

Por que o senhor resolveu voltar à política, depois de quase sete anos afastado, sem disputar eleições?

Osmar Dias- Eu fiquei 6, 7 anos afastado e pensei em voltar para dar a minha contribuição. Estou preparado, aliás, já estava preparado em 2006 e em 2010. A população fez outra escolha, eu aceitei e respeitei, mas continuei me preparando e trabalhando de forma séria. Quando convidado para a vice-presidência do Banco do Brasil fui exercer um cargo técnico e desempenhei fazendo bem feito, como sempre fiz em toda função que exerci. Não fui exercer um cargo político e sim um cargo técnico. Quando cheguei, o crédito para a agricultura brasileira no Banco do Brasil era de R$ 70 bilhões, quando saí deixei com R$ 180 bilhões para os agricultores brasileiros, com vários programas novos que estão permitindo que a agricultura e o agronegócio sejam o salvador da pátria neste momento. Se as pessoas de bem não se unirem neste momento, o país aí sim não terá jeito.

Qual a sua principal motivação para ser candidato ao governo?

Osmar Dias- É a vontade de querer implantar um modelo ousado de gestão para impulsionar a economia do Paraná e, consequentemente, criar milhares de novos postos de trabalho no campo e na cidade. Me preparei para ser governador e estou pronto para governar o Paraná com seriedade, respeito e muito trabalho. A população exige moralidade na administração do dinheiro público e clama por mudanças, mas sem aventuras.

Nossa prioridade absoluta é a finalização do plano de governo que iremos apresentar no próximo ano, obedecendo as vocações regionais através de um zoneamento das necessidades e aptidões de cada região.

O senhor fica no PDT ou pretender trocar de partido? Já está descartada a possibilidade de que o senhor integre o Podemos, do seu irmão Álvaro Dias?

Osmar Dias- Não descarto esta possibilidade, até porque estamos conversando a respeito dela. Porém não vejo possibilidades neste momento de fazer qualquer mudança de partido sem ter um cenário mais claro do que significará lá na frente o projeto do Podemos a nível nacional. Como o Álvaro disse, vamos aguardar as alianças no estado para definir nossos apoios. Vamos aguardar os projetos do Podemos para definirmos o nosso rumo.

Estou no partido há 16 anos, sou presidente estadual e tenho muitos companheiros que me acompanham nessa jornada política. Hoje todos os partidos são iguais, não há nenhum que possa dizer que está na vanguarda ou agradando a população.

Como fazer política num ambiente como este, de descrédito dos políticos?

Osmar Dias- Quando a população mistura todos os políticos e crê que nenhum presta, só beneficia aqueles que realmente não prestam, só ajuda os que não têm caráter, não têm moral, não têm ética. Com isso, só vão prosperar aqueles que têm um comportamento que tem levado a população a condenar todos os políticos.

Um dos méritos da Operação Lava Jato foi mostrar os dois lados da corrupção, um câncer que ataca da mesma forma quem dá e quem recebe o dinheiro. Não se pode dizer que o crime de corrupção seja mais grave para quem recebe o dinheiro do que para quem o dá. Acho que vai ser preciso separar o joio do trigo. A sociedade só vai melhorar quando tivermos uma classe política com ética e princípios que a gente recebeu em casa, os valores da família. Não dá para continuar acreditando que a política é um lugar para quem não presta.

O senhor tem alguma preocupação que o fato de ter trabalhado no Banco do Brasil, no governo Dilma, possa ser explorado por seus adversários negativamente?

Osmar Dias- Poderia ter preocupação também se o governo fosse do Aécio Neves. O que me desabona ter ocupado um cargo técnico no governo Dilma? Eu ocupei um cargo no Banco do Brasil que é uma empresa que tem mais de 300 anos, respeitada, que tem uma governança séria e faz um trabalho excepcional, principalmente na área de agronegócio, a qual assumi e também a área de micro e pequenas empresas. Me orgulho de ter feito lá um trabalho que criou, por exemplo, um programa de armazenagem. Temos no país um déficit de 60 milhões de toneladas. Só com o programa que criei no BB, já cobrimos 20 milhões de toneladas de déficit.

O fato de eu ter participado do governo Dilma não significa que eu mudei. O presidente da Ocepar foi secretário de cooperativismo do Ministério da Agricultura no governo do Lula e não vi ele mudar o pensamento por causa disso. Eu não mudo minha forma de ser por ter ocupado um cargo no governo da Dilma.

Não são apenas os políticos do PT que estão envolvidos em casos de corrupção. Há denúncias envolvendo líderes do PMDB e do PSDB, entre outros. Aliás, o Senado Federal deixou de cassar o Aécio Neves depois de todas as provas que foram apresentadas.

Então, é preciso também a gente parar de pensar que honestidade depende do partido. Honestidade depende da pessoa, depende da criação e da formação. Eu sempre fui sério e sempre continuarei a ser sério, seja onde eu estiver.

Não é porque ocupei um cargo no Banco do Brasil no governo Dilma que mudei minha forma de pensar, de agir e meus princípios, Osmar Dias.

Na sua avaliação, qual o maior desafio para governar o estado?

Osmar Dias- O Paraná precisa retomar sua capacidade de investimento, especialmente para fazer obras de infraestrutura. O Paraná é a quinta economia do País, o sexto Estado em população, o terceiro maior gerador de empregos com carteira assinada e o maior produtor de grãos do país. Precisamos investir na industrialização e, especialmente, na agroindustrialização. Há descompasso entre o que é arrecadado no Estado e o retorno recebido em investimentos do governo federal. Precisamos de investimentos federais em logística, infraestrutura, ensino superior, habitação e em programas sociais.

Precisamos de programas para educação integral e para os jovens, especialmente nas médias e pequenas cidades, para que crianças e jovens ocupem seu tempo em atividades esportivas, de lazer, culturais. Vou ouvir as demandas regiões, as reivindicações de entidades como a Fiep, Faep – que representam o setor produtivo e também os trabalhadores – todos os que estiverem interessados em contribuir com ideias para o plano de governo.

O pedágio no Paraná é o mais caro do Brasil e os atuais contratos vencem em 2021. Caberá ao próximo governador dar uma solução para o tema. O que o senhor pensa sobre o assunto?

Osmar Dias- Da minha parte, o que proponho é uma nova licitação com novo modelo de pedágio. Há quem diga que não há possibilidade de prorrogação dos contratos de pedágio, que esse é um assunto ultrapassado. Isso não é verdade, tanto que estava em discussão e continua em discussão entre várias entidades representativas e no próprio Governo do Estado a possibilidade de renovar as concessões que estão aí.

E renovar as concessões que estão aí, significa manter este preço até aumentar, pois nunca vi contrato abaixar preço. Então, se renovar os contratos de pedágio, continuaremos a pagar este absurdo de preço que é o mais caro do Brasil. Hoje nós pagamos sem saber o que estamos pagando, porque muitas das duplicações que eram previstas no contrato, nós nem sabemos quais eram. Aí não são feitas e a população continua pagando. Uma das concessionárias faturou R$ 860 milhões no ano de 2016 e teve um lucro de R$ 250 milhões, mais de 30%.

Quais as possibilidades de alianças, com que partidos o senhor já conversou?

Osmar Dias- Quero deixar claro que não estou discutindo aliança neste momento. Aliança política se faz em cima de um projeto. Nós estamos elaborando um projeto e vamos discutir as alianças no ano que vem. Mas uma coisa, eu afirmo: só aceitarei em nossa aliança política com partidos que pensem assim como eu. Política moderna tem que ser aquela que eu sempre fiz: com seriedade, respeito à população, e com eficiência do Estado que hoje está precaríssima. Neste momento, as alianças partidárias têm um papel secundário e a legislação eleitoral tem que ser respeitada.