E-sport

 

O mundo está sendo dominado pelo “e-“. Este prefixo tão contemporâneo representa o caminho que a maioria das atividades cotidianas estão tomando, como em e-book, e-mail, e-commerce, e-marketing e por aí vai.

O “e-” é a representação da palavra eletrônico e tudo o que podemos fazer de forma digital – não mais analógica – e online. E toda vez que aparece um novo “e-” as pessoas estranham. Foi assim com o e-book, que se tornou ferramenta essencial no aprendizado – os livros impressos não desapareceram como muitos temiam – e com o e-commerce, que está deixando de ser um medo e se torna uma facilidade, afinal comprar sem sair de casa é uma comodidade.

O mais recente dos estranhamentos é o e-sports, ou esporte eletrônico, que nada mais é do que jogos de computador. E sim, já está sendo considerado um esporte sentar em frente ao computador e dedicar algumas horas à diversão.

Qual o problema disso? Nenhum, afinal já existem equipes patrocinadas por grandes marcas que ganham muito dinheiro para isso. Em Guarapuava a modalidade está engatinhando, mas já começa com muitos apoiadores.

Rafael Pawlina e Elodir José Klein se conheceram por causa de League of Legends (jogo no gênero moba, também chamado de LoL) e jogaram por um tempo sem investir no potencial do e-sport. Mais tarde viram a necessidade de fomentar a atividade, e foi isso que fizeram. No último sábado (5) houve a transmissão de uma das eliminatórias do campeonato mundial de LoL, no sindicato rural. E a dupla promete que esse é só o aquecimento, pois em breve devem organizar um campeonato, patrocinado pela empresa na qual Rafael trabalha, que já investe em equipes locais com equipamentos e uniformes.

E-atleta

Como a maioria dos cyber atletas tem idade entre 15 e 25 anos, a briga em casa é geral. Como o e-sport é relativamente novo, os pais acham que a ‘piazada’ só quer matar tempo de estudo. “O jogo eletrônico ainda é visto como coisa de vagabundo”, diz Elodir, que explica que o cyber atleta é um atleta como qualquer outro. É um esporte digamos até sedentário, mas há países orientais que pagam mais para um gamer do que o Brasil paga para um jogador de futebol. Nos Estados Unidos, os campeonatos de jogos eletrônicos já são comparados à NFL, maior competição de futebol americano do país. Na Coréia do Sul tem time sendo patrocinado pela Samsung e os jogo são transmitidos na TV, é como o futebol para o brasileiro.

Quem joga profissionalmente tem uma rotina de treino puxada, pois geralmente passa o dia desenvolvendo estratégias e aperfeiçoando as jogadas. Existem até as chamadas cyber houses, que são casas alugadas por grupos de gamers, onde podem treinar profissionalmente sem interrupção. Nessas casas são instalados os computadores e normalmente uma cozinheira é contratada para alimentar os jogadores.

“Aqui em Guarapuava a cena profissional ainda não é como de grandes cidades”, explica Rafael. Quem joga aqui tem uma rotina de treino de 2 a 3 horas por dia. Quem vive disso pode passar de 10 a 18 horas jogando todos os dias.

Evandro Penteado, de 19 anos, é membro de uma das equipes patrocinadas pela Reptec em Guarapuava, e conta que começou a montar um time com os colegas de sala. Evandro relata que “no último campeonato que teve em Guarapuava nós chegamos na final”, e até lá jogaram com notebooks, equipamento que não é apropriado para jogos, pois o teclado dificulta as jogadas.

Quando Evandro começou a jogar a família ‘pegava muito no pé’, pois ele já estava fazendo faculdade e achavam que o jogo era uma distração dos estudos. “Depois que viram que era sério, que tínhamos patrocínio, foram até assistir os jogos”, relata.

E-benefícios

Há quem ache que jogos deixem o atleta violento ou anti-social. Mas talvez com LoL seja exatamente ao contrário. Assim como qualquer modalidade esportiva, o e-sport envolve o raciocínio lógico, trabalho em equipe, respeito, disciplina, paciência, comunicação e a socialização. Nem mesmo no mundo online a agressão é bem vista, tanto que os chamados “ragers”, que são os estressadinhos, sofrem penalidades severas.

Além disso não dá pra dizer que “o juiz roubou na partida”, já que o computador é exato nos seus julgamentos e, diferente do ser humano, não pode ser subornado. Até mesmo a torcia é mais saudável. Num jogo transmitido no estádio do Palmeiras, em agosto, os expectadores torciam mais pelas jogadas bem feitas do que por uma equipe em específico, e não teve briga nas arquibancadas.